A Sociedade Americana de Oncologia Clnica (ASCO) e a Sociedade de Oncologia Integrativa (SIO) publicaram novas diretrizes destacando a importncia de abordagens no farmacolgicas para o tratamento da dor em pacientes com cncer. O documento, baseado em evidncias, recomenda o uso de terapias integrativas como massagem, reflexologia, acupuntura e ioga integradas ao tratamento convencional e representa um esforo para a criao de novas estratgias no tratamento da dor oncolgica.
Cuidar da dor no paciente com cncer um grande desafio – ela um dos sintomas mais prevalentes e incapacitantes relatados na jornada oncolgica. , ainda, multidimensional (pode surgir por fatores fsicos, emocionais e sociais) e em consequncia do tratamento de um cncer avanado. A dor crnica pode levar no adeso adequada ao tratamento e, por isso, a busca por tcnicas complementares fundamental.Embora o uso de abordagens no farmacolgicas j exista h algum tempo, esta a primeira vez que um documento oficial de sociedades mdicas fala sobre o assunto – as diretrizes anteriores se concentravam mais no diagnstico e nas intervenes farmacolgicas para o tratamento.
Para chegar nesse consenso, especialistas de vrias reas da oncologia se reuniram para analisar uma reviso de 227 estudos clnicos sobre intensidade da dor, alvio dos sintomas e efeitos adversos realizados entre 1990 e 2021.
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“Essas diretrizes so muito importantes porque do mais segurana para os mdicos indicarem as terapias integrativas e apoiarem essas prticas aos seus pacientes. Isso no to novo, aqui no hospital j oferecemos h 15 anos, mas ainda h um certo receio de alguns profissionais que no conhecem as prticas e no entendem a importncia delas para o tratamento”, afirmou Maria Ester Azevedo Massola, coordenadora da Equipe de Medicina Integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein.As terapias integrativas, como o prprio nome diz, so tcnicas que devem ser usadas para complementar o tratamento convencional e nunca substituir.
Estudos mostram que cerca de 79% dos pacientes oncolgicos procuram alguma terapia integrativa para lidar com o cncer, se sentir melhor, amenizar os sintomas e ampliar a qualidade de vida. No entanto, muitos deles no levam o assunto para o mdico que est tratando a doena — isso um problema porque as prticas acabam no sendo integradas de maneira correta ao tratamento convencional.“Estudos demostram que a maioria dos pacientes no conversam com seus mdicos sobre o uso de terapias integrativas, e o principal motivo porque seus mdicos no perguntam. Dessa forma no integram essas prticas ao tratamento convencional, o que pode trazer riscos. Algumas vezes, o paciente pode se submeter a terapias que no esto baseadas em evidncias ou serem iludidos com propostas milagrosas”, destacou Maria Ester.
A especialista alertou, ainda, sobre o perigo do uso de alguns fitoterpicos sem o acompanhamento adequado. “No Brasil, temos uma cultura de achar que por ser natural no faz mal, mas isso no verdade. Alguns fitoterpicos, ervas e chs podem causar interao medicamentosa, e muitas vezes no sabemos sobre a procedncia e armazenamento, o que tambm pode trazer risco. Por isso, a importncia de mdicos e pacientes conversarem sobre o uso destas abordagens”, afirma.
O rol de terapias integrativas imenso, mas somente as que possuem evidncias cientficas so citadas nestas diretrizes, entre elas: massagem, reflexologia, acupuntura e ioga. O paciente precisa ser bem orientado, procurar profissionais que sejam habilitados a aplicar as terapias em conjunto com o tratamento oncolgico.
“Infelizmente, no Brasil, ainda existem pessoas que trabalham com tratamentos alternativos, o que tambm um perigo. Oferecem abordagens milagrosas, iludindo e levando o paciente muitas vezes a no aderir ao tratamento convencional. Nosso trabalho feito em parceria com os mdicos, fazemos parte da equipe multidisciplinar e oferecemos prticas baseadas em evidncias”, explicou Maria Ester.
Fonte: Revista Isto