O Ministrio do Meio Ambiente e Mudana do Clima (MMA) reuniu representantes dos Corpos de Bombeiros dos nove Estados da Amaznia Legal para ampliar a cooperao no combate a incndios florestais. O encontro buscou aumentar o alinhamento entre as prioridades dos Corpos de Bombeiros e o Plano de Ao para Preveno e Controle do Desmatamento na Amaznia Legal (PPCDAm), lanado em junho de 2023 pelo presidente Lula.

A cooperao ir acelerar o o dos Estados a R$ 405 milhes em recursos no reembolsveis disponveis no Fundo Amaznia para o combate a incndios florestais, destacou o secretrio extraordinrio de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, Andr Lima.

"Queremos trabalhar juntos para alinhar os projetos e acelerar a aprovao. Para isso, propomos um pacto amaznico de preveno e combate aos incndios florestais que estabelea prioridades, em acordo com os Corpos de Bombeiros",

disse o secretrio.

Em novembro de 2023, o Comit Orientador do Fundo Amaznia aprovou a ampliao dos recursos disponveis para os Estados da Amaznia Legal atuarem no combate a incndios florestais e queimadas ilegais. O valor a ser financiado para cada um dos Estados ser de at R$ 45 milhes (era de at R$ 35 milhes), totalizando R$ 405 milhes.

Os projetos para o fortalecimento e a ampliao das aes de preveno e combate devem ser apresentados pelos Estados ao fundo por meio do Corpo de Bombeiros. As iniciativas devem ser implementadas e gerenciadas sob responsabilidade dos governos estaduais.

A reunio no MMA tambm tratou do Projeto de Lei n 1818/22, que busca instituir a Poltica Nacional de Manejo Integrado do Fogo, iniciativa que reforar a preveno de incndios florestais no pas:

"Precisamos buscar solues para uma srie de emendas que foram apresentadas. Queremos aprovar esse projeto com a mxima urgncia possvel, buscando um entendimento que seja bom para toda a agenda de manejo do fogo, preveno e combate", afirmou o secretrio.

O presidente do Comit de Comandantes Gerais da Amaznia Legal e comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Maranho, coronel Clio Roberto Pinto de Arajo, destacou a importncia do manejo integrado do fogo.

"O uso correto do manejo do fogo, com todas suas nuances, tem tudo a ver com o trabalho dos Corpos de Bombeiros. Essa poltica importante para o governo federal, mas tambm para os governos dos Estados, especialmente para os Estados da Amaznia Legal, onde h um olhar muito atento para isso", afirmou o coronel, que tambm representou o Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom).

Tambm participaram da reunio representantes do ICMBio e dos Corpos de Bombeiros do Distrito Federal e de Minas Gerais, representando a Ligabom.

O Fundo Amaznia j investiu ao menos R$ 77 milhes em projetos para os Corpos de Bombeiros. Entre 2023 e 2024, o MMA articulou doao emergencial de R$ 10 milhes para combate a incndios florestais em oito Estados da Amaznia Legal (Amazonas, Rondnia, Tocantins, Acre, Mato Grosso, Par, Amap e Maranho).

Incndios florestais em Roraima 2q5m3l

Dos 4.568 focos de incndio registrados no Brasil em fevereiro, maior nmero da srie histrica, quase metade foi no Estado de Roraima. Houve recordes no mesmo ms na Venezuela (9.052), no Suriname (222) e na Guiana (616), pases prximos a Roraima.

O crescimento anormal do nmero de focos desde janeiro ocorre em razo da estiagem prolongada, que intensificada pela mudana do clima e pelo fenmeno El Nio. Cerca de 60% dos focos de incndio registrados em Roraima desde o incio do ano esto em reas privadas, onde a prioridade de combate dos rgos estaduais. Atualmente, 341 brigadistas e servidores do Ibama e do ICMBio atuam no Estado.

No dia 5 de maro, o governo federal coordenou reunio tcnica com o governador de Roraima, Antonio Denarium, e equipes do Ibama, do ICMBio e de outros rgos federais para coordenar a ao no Estado. As ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudana do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indgenas) e os ministros Waldez Ges (Integrao e Desenvolvimento Regional) e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistncia Social) participaram do encontro na sede do Prevfogo, no Ibama, em Braslia. O governador Denarium acompanhou a reunio remotamente.

A Comisso Rondon tinha como misso principal ampliar as linhas telegrficas do Brasil, que chegaram margem do Rio Madeira em 1915, conectando Santo Antnio do Rio Madeira (atual Porto Velho) a Cuiab. Alm disso, Rondon promoveu relevantes estudos cientficos e props a criao do SPI (Servio de Proteo ao ndio), institudo em 1910 pelo presidente Nilo Peanha.

Para proteger os povos originrios, Rondon defendia que eles deveriam se tornar autossuficientes na agropecuria. Foi assim que o militar trouxe para Rondnia as primeiras cabeas de gado, que foram colocadas nas pastagens da Fazenda Trs Coqueiros, por ele criada, e tentou ensinar os indgenas a manejar a pecuria.

Mas Rondon no apenas ensinou os indgenas, como tambm aprendeu com eles. Ele ficou irado com as variedades de milho, amendoim e frutos que existiam no Planalto dos Parecis e em outras reas da "da Rondnia". Esse era o nome que o cientista Edgard Roquette-Pinto havia dado, em 1917, regio demarcada por ele em homenagem a Rondon, embora o territrio ainda pertencesse ao estado do Mato Grosso.

As produes nativas foram investigadas pelo botnico da Comisso Rondon Francisco Carlos Hoehne, que participou de vrias campanhas, inclusive a famosa Expedio Cientfica ao Rio da Dvida ou Rondon-Roosevelt, em 1913/14. Ele se tornou um nome notvel e contribuiu para a Seo de Botnica do Instituto Butant, de So Paulo, onde foi diretor do Instituto de Botnica.

A Comisso Rondon apresentou o milho indgena ao Brasil na Exposio de Milho de 1918, no Rio de Janeiro. A mostra, organizada pela Sociedade Nacional de Agricultura, exibiu modelos de milho, fava e amendoim cultivados pelos povos nativos de Rondnia. Esses produtos eram essenciais para a sobrevivncia dos indgenas e tinham variedades nicas no pas.

O catarinense Joo Geraldo Kulhmann, que integrava a Comisso Rondon e se tornaria um renomado botnico, com mais de 80 publicaes cientficas, foi o responsvel pelo estande na ento capital do Brasil. Ele explicou que o milho indgena era de sementes exclusivamente brasileiras e tinha cores diferentes dos milhos comuns.

O milho dos Nambiquaras, da regio de Vilhena, por exemplo, era cinzento, vermelho ou amarelo, mas macio e branco por dentro. Kulhmann disse que ele seria timo para fazer maisena. Os indgenas gostavam de comer o milho assado com amendoim, depois de maduro. As espigas eram grandes, cerca de dois centmetros a mais do que as das plantaes civis.

Amostras e sementes do milho indgena foram distribudas pela Comisso Rondon para vrias instituies de agricultura do Brasil, para estimular o cultivo dessas variedades. Havia pontos comerciais que defendiam os produtos, com sucesso.

Rondon defendia que os nativos deveriam ser independentes e fazer de seus territrios "celeiros para o Brasil". No entanto, isso nunca se concretizou, devido s dificuldades estruturais, a interrupo da Comisso Rondon e subjugao dos indgenas, que acabaram tutelados pelo Estado Brasileiro e tiveram suas terras readas aos colonos e exploradores, principalmente a partir de 1960, com a abertura da BR-364.

Sobre o autor

s ordens em minhas redes sociais e no e-mail: [email protected] . Todas s segundas-feiras no ar na Rdio CBN Amaznia s 13h20.

*O contedo de responsabilidade do colunista