Fazendeiros usaram fogo e “corrento” para destruir a vegetao nativa em terras pblicas no Pantanal. Foto: Niclio Silva/Ibama/Divulgao
Salada Verde
Sua poro fresquinha de informaes sobre o meio ambiente
A Justia Federal decidiu que trs fazendeiros no podem mais explorar ou criar gado em quase 6,5 mil hectares de terras pblicas federais no Pantanal, no Mato Grosso do Sul. Eles tambm devero pagar pela remoo da boiada.
Os ilcitos foram identificados pelo Ibama em 2024 e, depois, foram alvo de uma ao civil pblica movida por Ministrio Pblico Federal e Advocacia-Geral da Unio (AGU), que cobra R$ 725 milhes dos infratores para reparao de danos ambientais.
Um inqurito da Polcia Federal mostrou que, aps potentes queimadas realizadas de junho a setembro de 2020, os pecuaristas construram estradas, currais e outras estruturas, para a boiada e pessoas. Nos anos seguintes, seguiram usando fogo para limpar e renovar pastos.
“Indicada a existncia de dano ambiental, imperiosa a interrupo do ato ilcito para se buscar a regenerao natural paulatina da rea degradada, tudo com o intuito de evitar a piora da degradao do bioma”, registra um trecho da liminar.
A deciso igualmente determinou que as terras das fazendas ilcitas devem permanecer sem explorao “para que tenha incio o processo de regenerao natural paulatina”, conforme nota divulgada pela AGU.
Os nomes dos rus no foram divulgados pelos rgos pblicos federais. As terras que ocuparam ilegalmente esto em processo de arrecadao pelo Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (Incra).
Aldem Bourscheit h6w1w
Jornalista cobrindo h mais de duas dcadas temas como Conservao da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Cincia, Agron... →
Entre as enchentes e ondas de calor, as salas de aulas so uma amostra do efeito estufa e como a crise climtica est afetando todas as esferas da vida, at o ensino
Escolas no equipadas com ar condicionado so afetadas durante ocorrncia de ondas de calor, cada vez mais frequentes. Acima, sala de aula da escola estadual Eliza Rachel Macedo de Souza, na zona leste de So Paulo. Crdito: Zanone Fraissat/Folhapress
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Somos um espao para a construo coletiva de polticas para a promoo de igualdade e o aprofundamento democrtico no Rio de... →
Luize Sampaio 3u70x
Formada em jornalismo na PUC-Rio com nfase em gesto e avaliao de polticas pblicas e ps graduanda em jornalismo de dados pelo Insper. →
Os desafios do ensino pblico brasileiro so histricos e estruturais. Ao mesmo tempo que profissionais da educao e alunos lutam por essas mudanas, eles tambm so atravessados por problemas emergenciais que tem impactado cada vez mais o que acontece dentro das escolas. A crise climtica no tem apenas um endereo ou uma faixa etria, o fenmeno das mudanas de temperatura atinge a vida de todos do global ao local, dos derretimento das geleiras at o calor nas salas de aula de escolas como a Tim Lopes, no Complexo do Alemo, zona norte do Rio de Janeiro.
As “saunas de aula”, como os estudantes do Travessia – movimento de juventude ecossocialista – tem chamado, podem ser encontradas nos 22 municpios que compem a Regio Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), onde vivem cerca de 80% da populao de todo o estado. Dados do Climtico, plataforma elaborada pela Casa Fluminense, mapearam que mais de 60% das escolas municipais da RMRJ encontram-se em locais de ilha de calor, com temperatura mdia anual acima de 32C. So no total 2.914 unidades de ensino municipais e pelo menos 1.820 destas unidades esto enfrentando um cenrio de calor extremo.
Nas cidades de Tangu, Rio Bonito, Guapimirim, Japeri, Mesquita, Nova Iguau mais de 80% das escolas esto localizadas em ilhas de calor, com destaque para Queimados onde 33 das 34 escolas municipais tm temperaturas mdias acima de 32. Nas escolas pblicas, h outros desafios histricos que se tornam ainda piores frente crise climtica como, por exemplo, a garantia do o ao bsico. Aqui no estamos nem falando de salas climatizadas, laboratrios, cadeiras novas ou material escolar. O problema anterior. De acordo com o nosso Mapa da Desigualdade 2023, em 20 dos 22 municpios da Regio Metropolitana h pelo menos uma escola pblica sem o a gua, energia, esgoto e/ou alimentao. As salas de aula repetem uma desigualdade sentida nas ruas de todo o Rio de Janeiro que constantemente fica mais acentuada frente acelerao da crise climtica.
Diante desse cenrio, a Casa Fluminense se uniu aos representantes de gremios das escolas do Rio, ao Instituto Alana, WWF-Brasil, Frente Parlamentar por Justia Climtica do Rio de Janeiro e Rede por Adaptao Antirracista para apresentar uma denncia ao Ministrio Pblico do Rio de Janeiro (MPRJ) solicitando providncias ao governo do estado. Alm da climatizao urgente das salas de aula, o grupo tambm solicita que municpios e estado elaborem de forma participativa, mas tambm urgente, seus Planos de Adaptao e Mitigao s mudanas climticas. Atualmente, nem o governo estadual do Rio nem 20 das 22 prefeituras da metrpole fluminense possuem esse planejamento pronto e publicado.
Entre as enchentes e ondas de calor, esto nossos alunos, professores e merendeiras e outros profissionais da educao. Enquanto as gestes no centralizarem o clima como pasta principal dos seus governos, vamos continuar fomentando ambientes hostis e insalubres. Precisamos de Secretarias de Clima municipais e estadual, para transversalizar estratgias, oramento e polticas pblicas de adaptao e mitigao para os nossos territrios. A garantia de futuro depende de agirmos agora.
As opinies e informaes publicadas nas sees de colunas e anlises so de responsabilidade de seus autores e no necessariamente representam a opinio do site ((o))eco. Buscamos nestes espaos garantir um debate diverso e frutfero sobre conservao ambiental.
Coordenadora de projetos em O Mundo Que Queremos →
O Brasil tem uma matriz energtica predominantemente limpa, com destaque para a energia hidreltrica, responsvel por cerca de 60% da eletricidade consumida no pas em 2023. O que poucos percebem que essa eletricidade no depende apenas de barragens e turbinas: ela depende, antes de tudo, da chuva – e boa parte dessa chuva depende da floresta amaznica.
A gerao hidreltrica depende de fluxos estveis e volumosos de gua nos rios. A perda de vegetao compromete o ciclo hidrolgico, pois a floresta que atua como uma “bomba bitica”, puxando a umidade do oceano Atlntico e redistribuindo a gua para outras regies do pas por meio dos chamados “rios voadores” — correntes de umidade atmosfrica geradas pela evapotranspirao da floresta. O desmatamento fragmenta esse ciclo hidrolgico, provocando queda nas precipitaes e perda de capacidade de gerao eltrica.
O Amaznia 2030 aponta que 17 das 20 maiores hidreltricas brasileiras esto localizadas em reas diretamente influenciadas pelas trajetrias dos rios voadores. Isso sugere que o impacto do desmatamento no pontual, mas sistmico – afetando o equilbrio da matriz energtica nacional. A substituio da energia hdrica por fontes fsseis, como termeltricas, tende a aumentar os custos de produo e as emisses de carbono, comprometendo tanto a segurana energtica quanto os compromissos climticos do pas.
Pesquisadores demonstram que a perda de vegetao prejudica a produo de trs usinas hidreltricas (UHE) situadas na Bacia do Paran. Mesmo distante do bioma Amaznia, o desmatamento na floresta pode provocar uma perda de cerca de 3% na capacidade de gerao de energia e em torno de 10% de perda de lucro anual. A hidreltrica de Belo Monte, no Par, j enfrenta variaes significativas em sua produo, com perodos de estiagem diretamente relacionados perda de cobertura vegetal na bacia do Xingu. Isso se traduz em contas de luz mais altas e risco de apages.
A UHE Itaipu j sofre perdas atribudas ao desmatamento na regio. O estudo estima que, entre 2002 e 2022, a usina deixou de gerar 29.030 GWh. Essa perda equivale a uma mdia de 1.382 GWh por ano, ou R$ 500 milhes anuais em receita, o que corresponde a cerca de 6% do lucro lquido mdio da hidreltrica.
Na UHE Belo Monte o impacto tambm expressivo. O desmatamento nas reas de influncia da usina entre 2002 e 2022 provocou uma perda acumulada de 50.259 GWh, com mdia anual de 2.393 GWh – o equivalente ao consumo de 956 mil brasileiros em 2023. A perda de receita associada estimada em R$ 13,4 bilhes no total, ou R$ 638 milhes por ano. Isso representa aproximadamente 21% do EBITDA da empresa operadora da usina.
Esse cenrio no afeta apenas o setor energtico. A agricultura nacional, especialmente em reas de alta produtividade como o MATOPIBA (Maranho, Tocantins, Piau e Bahia), tambm sofre com a escassez de chuvas. A reduo na produtividade agrcola aumenta a vulnerabilidade do pas a choques inflacionrios causados pela alta no preo dos alimentos, afetando de maneira mais severa as famlias de baixa renda.
A integridade dos rios da Amaznia e da floresta que os protege no apenas uma questo ambiental: um pilar de segurana nacional. A produo de alimentos e de energia est interligada ao bom funcionamento dos sistemas naturais que mantm o Brasil abastecido de gua. Destruir a floresta cortar a fonte da eletricidade e da comida, com impactos que vo da economia domstica balana comercial do pas.
Manter a Amaznia em p significa proteger os fluxos de gua que garantem produtividade agrcola, estabilidade energtica e preos veis para a populao. Trata-se de uma equao simples: sem floresta, sem gua. Sem gua, sem energia nem alimentos.
Por isso tudo, combater o desmatamento (legal e ilegal) do interesse nacional. A floresta preservada e as reas de regenerao florestal garantem a sade dos rios. Investir em cincia, tecnologia e vigilncia ambiental no apenas proteger a natureza – garantir a sobrevivncia do modelo econmico brasileiro que depende da abundncia hdrica que a Amaznia proporciona.
Diante desse cenrio crtico, o Projeto de Lei n 2842/2024 surge como uma resposta legislativa essencial. A proposta institui a Poltica Nacional de Proteo de Rios e estabelece o Sistema Nacional de Rios de Proteo Permanente (SNRPP), preenchendo uma lacuna na legislao ambiental brasileira. Ao reconhecer os rios como bens pblicos essenciais vida e estabelecer critrios claros para sua preservao e conservao, o projeto prope um modelo de gesto que une proteo ambiental, segurana hdrica, resilincia climtica e justia social. A iniciativa prev planos de manejo, participao ativa de comunidades locais e instrumentos eficazes para preservar ecossistemas fluviais vitais para a estabilidade do pas.
Por isso, importante defender a construo de um “Pacto Pelos Rios” – um compromisso coletivo entre sociedade civil, parlamento e Estado para garantir a aprovao e implementao do PL 2842/24. A proteo dos rios no apenas uma questo ambiental, mas uma estratgia fundamental para garantir energia, alimentos, gua potvel e qualidade de vida para as futuras geraes. Com esse projeto, o Brasil tem a oportunidade de alinhar desenvolvimento e sustentabilidade, assumindo seu papel de liderana na proteo dos recursos hdricos e no combate crise climtica global.
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Elas deveriam ser um escudo protetor da floresta junto a uma rodovia federal, mas unidades de conservao e terras indgenas sofrem grilagem, desmate e fogo. Se no forem contidos, os crimes podem comprometer a conservao socioambiental da Amaznia e o equilbrio climtico mundial.
Quatro em cada dez parques e outros tipos de unidades de conservao criadas por diferentes governos na regio ao longo da BR-319, entre as capitais Porto Velho (RO) e Manaus (AM), perderam no ano ado uma rea de florestas similar a quase 1,35 mil campos de futebol, ou 962 ha.
A mais desmatada foi a Reserva Extrativista Jaci-Paran, em Rondnia, onde foram destrudos 880 ha, ou mais de 90% do total. Ela est distribuda entre os municpios de Porto Velho, Nova Mamor e Buritis.
Recuando ainda mais no tempo, a situao no menos grave.
As reservas mais afetadas nos ltimos 15 anos incluem o Parque Nacional Mapinguari, as florestas Estadual Tapau e Federal do Bom Futuro, a rea de Proteo Ambiental Tarum-Ponta Negra e a Terra Indgena Karipuna, sitiada por estradas e desflorestamento.
Essas reas protegidas tambm esto entre as que mais registraram focos de calor no decorrer dos anos, alm do Parque Nacional dos Campos Amaznicos e da Reserva de Desenvolvimento Sustentvel do Tup. Esses pontos quentes podem ser florestas e pastos queimando ou at solo exposto.
O cenrio acima parte do revelado pelo Observatrio BR-319 num relatrio atualizado sobre as 42 unidades de conservao e 69 terras indgenas ao longo da rodovia (veja um mapa aqui). A anlise pesou de 2010 ao ano ado. O Observatrio uma rede de organizaes civis.
Mas, quais so as causas das ameaas floresta e s populaes que mais dela dependem? Heitor Pinheiro, do Instituto de Conservao e Desenvolvimento Sustentvel da Amaznia (Idesam) e responsvel por geoprocessar o monitoramento satelital do OBR-319, afirma que elas mudam a cada regio.
Segundo o analista, ao sul da rodovia predomina o desmate ilegal para formao de pastos, enquanto nas demais reas h mais explorao ilcita de madeira e aumento de focos de calor pelo uso do fogo, usado na “limpeza de grandes reas a baixo custo”.
Mapeamentos de desmatamento (topo) e de focos de calor (abaixo) na rea influenciada pela BR-319. Fonte: Retrospectiva 2024: Desmatamento e focos de calor na rea de influncia da rodovia BR-319 / OBR-319
A anlise tambm revelou um sobe e desce dessas presses nas diferentes istraes federais. A tendncia de queda verificada de 2010 a 2014 foi seguida por grande aumento na destruio florestal nos mandatos de Michel Temer e sobretudo de Jair Bolsonaro.
“Invasores falavam abertamente que nossas terras seriam liberadas porque tinham apoio do governo”, lembrou Eric Karipuna, liderana na Terra Indgena Karipuna. “Perdemos muita rea para eles formarem pastos e cultivos como de abacaxi, caf e banana”, reclamou.
Os picos de desmate e de pontos quentes foram registrados especialmente at 2022, ano em que a regio cortada pela BR-319 perdeu 169 mil ha, a maior taxa verificada no monitoramento no-governamental. A rea pouco maior que a da capital So Paulo (SP).
“Esse cenrio foi impulsionado pela desestruturao institucional promovida pelo governo da poca, ilustrado pela fala sobre “ar a boiada” e eventos como o “Dia do Fogo”, que afetou tambm a regio da BR-319”, avaliou o socilogo Marcelo Rodrigues, secretrio-executivo do OBR-319.
Quanto ao atual governo Lula, ele pondera que trouxe algum alento, com rgos e polticas socioambientais sendo reestruturados e desmatamento caindo, mas que nem tudo so flores naquela regio amaznica. “O cenrio permanece distante do ideal”, resumiu.
“A rodovia segue registrando altos ndices de desmate, com destaque para o aumento dos focos de calor – um forte indicador de degradao florestal. Esse processo torna a rea mais suscetvel a incndios e favorece novos ciclos de desmatamento”, analisou Rodrigues.
Fogo e destruio da Amaznia ganham fora com desmatamento, temperaturas em alta e secas cada vez mais potentes. Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace
Na prtica, cheias, secas e temperaturas em alta fragilizam a sade da floresta e facilitam o avano do fogo, que pode ser ilegal ou autorizado por governos. Muitos incndios procuram consolidar a ocupao criminosa de terras ou resultam do descontrole de queimadas agropecurias.
Mas, o cenrio destruidor tem combustveis polticos. Um salto de 85% no desmate regional ocorreu de setembro a dezembro ados, logo aps uma visita e discurso de Lula prometendo completar o asfaltamento da BR-319 ainda neste mandato, que acaba no fim de 2026, conforme reportagem de Cley Medeiros no jornal A Crtica.
“A cada sinalizao de apoio governamental rodovia, terras e negcios so valorizados, estimulando mais desmatamento”, descreveu Philip Fearnside, pesquisador titular no Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (Inpa).
“E o discurso no poderia ter ocorrido numa poca pior, quando o Brasil estava coberto de fumaa e os rios da Amaznia e suas populaes enfrentavam uma seca histrica”, lembrou o tambm doutor em Cincias Biolgicas na Universidade de Michigan (Estados Unidos).
Alm disso, fiscalizaes e outras aes pontuais no estariam livrando a regio da criminalidade. “Ano ado teve uma desintruso, mas foi como ‘chover no molhado’. Eles voltaram a agir logo depois de ada a operao”, denunciou Erica Karipuna.
A “desintruso”, a retirada de invasores e estruturas ilcitas na Terra Indgena Karipuna, foi comemorada pelo Governo Lula em julho ado. O anncio da poca listou mais de 20 edificaes ilegais destrudas e 54 m3 de madeira apreendidos.
Mancha de desmatamento na Terra Indgena Karipuna. Foto: Lideranas Karipuna/Divulgao/Agncia Brasil
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Assim como a hidreltrica de Belo Monte, projetos como o da BR-319 foram paridos na Ditadura Militar. Ela foi aberta entre 1968 e 1973, rompendo a floresta por quase 900 km, ento todos transitveis. Contudo, j em 1988 estava abandonada e sendo retomada pela floresta.
Governos em srie tentaram reabri-la, mas isso sempre bateu de frente com a resistncia do setor socioambiental brasileiro e internacional, temendo que ela replicasse a devastao e as invases que marcaram outras estradas amaznicas.
Apesar das lies adas, desde 2015, no governo Dilma Rousseff, trechos da BR-319 recebem “manuteno” com asfalto. Isso a tornou transitvel novamente, ao menos na seca. Nas chuvas, boa parte dela se torna uma armadilha de lama para quem se atreve a cruz-la.
A licena prvia para asfaltar 400 km e reconectar toda a rodovia, emitida no governo Bolsonaro, alvo de uma Ao Civil Pblica. As obras s podem comear com a prxima licena, a de instalao. Enquanto isso, foram autorizadas reformas de trechos menores e de pontes, como sobre os rios Curu e Autaz-Mirim, disse o OBR-319.
A que mora muito perigo, dizem as fontes ouvidas pela reportagem. A reconstruo completa da estrada ligar a conservada poro central da Amaznia a um dos epicentros nacionais de desmatamento, a regio da Amacro, entre os estados do Amazonas, Acre e Rondnia.
“Muito disso encorajado pelos governos, que por inao ou com polticas subsidiam a transformao da floresta em pastagens, soja e outras culturas”, avaliou Philip Fearnside (Inpa).
O cenrio mais preocupante pois o o da grilagem e desmate desde o “Arco do Desmatamento” pode ser tambm azeitado por outros projetos rodovirios, como a da federal BR-421 e da estadual AM-366, essa cortando o Parque Nacional Nascentes do Jari.
No bastando, h igualmente grandes projetos para extrair gs e petrleo na mesma regio influenciada pela BR-319.
Com tudo isso em campo, aproximadamente metade do que resta da floresta amaznica brasileira seria prejudicada, gerando duros baques na conservao socioambiental, encolhendo as chuvas que caem no restante do pas e desequilibrando de vez o clima planetrio.
“A vasta rea aberta por estradas contm Carbono suficiente para empurrar o aquecimento global para alm de um ponto de no retorno [irreversvel]”, ressaltou Fearnside, doutor em Cincias Biolgicas na Universidade de Michigan (Estados Unidos).
O alerta reforado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Elas apontam que, at 2050, a restaurao da BR-319 levar ao desmate de 170 mil km2 e emisso de 8 bilhes de toneladas de CO2 – taxas quatro vezes acima da mdia histrica regional. Os nmeros so do especial “A Estrada da Discrdia na Amaznia”.
Vegetao e solo amaznicos estocam grande volume de gs carbnico, que, quando liberado por queimadas, desmate e degradao florestais, aumenta o efeito-estufa e a temperatura mdia globais. Essas so a maior contribuio brasileira crise climtica, aponta o Observatrio do Clima.
Desde o topo, caminhes aguardam para cruzar, de balsa, um rio que corta a BR-319; a rodovia enlameada nas chuvas; e um caminho percorre um sinuoso trecho da estrada. Fotos: Nilmar Lage / Greenpeace
Caminho tortuoso 1t5z2d
Para Marcelo Rodrigues, secretrio-executivo do OBR-319, conter desmate e degradao florestais na regio depende de medidas como estruturar uma fiscalizao gil e estimular economias que mantenham a floresta em p, envolvam e beneficiem as comunidades locais.
“O primeiro o para alcanar resultados mais sustentveis assegurar uma governana efetiva no territrio antes mesmo da realizao de obras de infraestrutura – algo que deveria ser natural”, acrescentou.
J Philip Fearnside (Inpa) prev mais destruio se a BR-319 for toda recuperada e no poupou crticas aos governos, que permitiriam a corroso social e ambiental ao longo da rodovia. Para ele, as promessas de controle do desmate s servem para acelerar seu asfaltamento.
“Quando se abre uma rea, so milhares de atores independentes tomando decises. No o governo que manda”, analisou o cientista, que pesquisa e reside na Amaznia desde 1978.
Para ele, insistir em obras como essa mostra que o Brasil est no “caminho errado” e que no tem como conduzir o mundo para enfrentar a crise climtica, como pretenderia se posicionar na COP30, em novembro, no Par. “Tem que liderar pelo exemplo e fazer aqui primeiro”, disse.
Consultado sobre a situao legal e tcnica do licenciamento ambiental do trecho central da BR-319, o Ibama no se pronunciou at o fechamento desta reportagem.
Aldem Bourscheit h6w1w
Jornalista cobrindo h mais de duas dcadas temas como Conservao da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Cincia, Agron... →
Pesquisadores avaliaram o que as pessoas mais gostam na hora do sexo e as respostas surpreenderam; confira
Quando se pensa na parte favorita do sexo para a maioria das pessoas, fcil associar logo ao orgasmo. No entanto, um estudo recente publicado no Journal of Sex & Marital Therapy pretende mudar esse foco. A pesquisa fez a 2.755 adultos americanos uma pergunta simples e aberta: o que voc mais gosta no sexo com sua parceria?
O aspecto menos citado, lembrado por apenas 231 pessoas, foi ter um orgasmo — isso desafia a ideia frequentemente assumida de que o “clmax” o principal objetivo do sexo a dois.
Outros 241 participantes revelaram que sua parte favorita no sexo fazer seu parceiro sentir-se bem — fazendo sexo oral, observando o que seu parceiro gosta durante o ato e certificando-se de atender s necessidades sexuais de seu par, por exemplo.
J 300 pessoas responderam que o sexo sobre amor e carinho. Deixando de lado os orgasmos e a satisfao das necessidades sexuais — para esses indivduos, o sexo era profundamente gratificante no contexto de se sentirem apreciados, valorizados e desejados.
O terceiro aspecto do sexo mais apreciado pelos participantes foi simplesmente o fato de que ele os faz sentir bem. Quase 400 participantes citaram a excitao, a gratificao e o prazer fsico que o “rala e rola” proporciona.
Quase 900 participantes citaram atos sexuais especficos como sua parte favorita do sexo. As respostas foram muito variadas: alguns gostaram de atos gerais de intimidade, como beijos ou carcias; outros, preferiram experincias mais especficas, como sexo oral. Houve, ainda, quem citasse o uso de brinquedos ou alternncia entre diferentes posies.
De longe, a parte mais valorizada do sexo foi a conexo emocional, o calor e a segurana que ele proporciona. Para muitos, atos como abraar, ser abraado ou simplesmente deitar juntos aps o sexo geram uma sensao de conforto e proximidade que nada mais poderia reproduzir.
Fotos: Reproduo
Por fim, os pesquisadores notaram o que o sexo realmente significa para as pessoas — no necessariamente sobre desempenho, porm, em termos de valor na vida real.
A equipe de pesquisa agrupou as respostas em seis categorias. Juntas, elas formam uma imagem do sexo que emocional, sensorial e relacional — no apenas fsico. O orgasmo nem chegou perto de ser o aspecto mais amado. Curioso, no?