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Brasil : Belm corre para terminar obras antes da COP: Est um caos
Enviado por alexandre em 29/04/2025 00:30:38

"A COP como organizar uma festa de aniversrio de ltima hora", diz comerciante

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Belm

A cidade brasileira de Belm, no Par, est correndo para concluir dezenas de projetos prometidos para a Conferncia das Naes Unidas sobre Mudanas Climticas (COP30) em novembro, uma situao que os moradores descrevem como “catica”.

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Pouco mais de meio ano aps o incio do evento, difcil caminhar por esta cidade amaznica de 2,5 milhes de habitantes, cercada por rios e selva, sem ouvir o som da broca.

A “zona azul”, local onde sero construdos os pavilhes das negociaes climticas, ainda um deserto empoeirado, como a EFE pde constatar durante uma visita ao local a convite do governo do Par.

O plano terminar de pavimentar o caminho at o final de maio e depois deixar a ONU cuidar do resto.

Ao lado da futura “zona azul”, dezenas de jardineiros esto plantando palmeiras e samaumeiras no que ser conhecido como Parque da Cidade, um amplo espao de 500 mil metros quadrados com centros culturais e recreativos em construo, construdo no local de um antigo aeroporto.

Fotografia area onde se v o canal Timb durante suas obras de adequao Foto: EFE/ Isaac Fontana

OBRAS LENTAS
O parque est 78% concludo, embora outros projetos ligados COP estejam bem mais lentos, como a concluso de 20% da Vila COP, o complexo residencial com 405 sutes para autoridades do mundo todo.

Especificamente, a escolha de Belm como cidade-sede da COP levantou preocupaes sobre a capacidade da cidade, que at recentemente tinha apenas 18 mil leitos de hotel, para acomodar as 50 mil pessoas esperadas na conferncia.

– Estamos dentro do cronograma de entrega das obras para o evento – disse EFE o secretrio regional de Infraestrutura e Logstica, Adler Silveira, embora tenha reconhecido que o perodo de chuvas causou uma “desacelerao” no ritmo das obras.

Adler Silveira Foto: EFE/ Isaac Fontana

ALTO INVESTIMENTO
O investimento planejado pelo governo do Par de R$ 4,5 bilhes (aproximadamente 790 milhes de dlares) em infraestrutura inclui projetos que esto pendentes h dcadas, como quilmetros de sistemas de esgoto para os 80% da populao de Belm que ainda no tm o.

Mel Costa, de 32 anos, dona de um salo de beleza localizado no centro da cidade, que no tem rede eltrica e funciona com fossa sptica, convive h meses com o barulho da obra.

– A COP como organizar uma festa de aniversrio de ltima hora… est um caos, e eu me pergunto se vai dar tempo suficiente – diz ela com um sorriso, ao lado de um manequim de peruca.

Embora tenha perdido 30% de seus clientes devido construo, Costa est ansiosa para se conectar rede e se livrar da temida fossa sptica, que ela precisa esvaziar a cada trs meses para evitar incidentes.

– muito constrangedor quando enche, porque tenho clientes que vo ao banheiro e o cano no escoa quando do descarga – explica.

Mel Costa Foto: EFE/ Isaac Fontana

AUMENTO DO TURISMO
O icnico mercado municipal do sculo 19, cuja estrutura de ferro foi trazida da Europa durante o ciclo da borracha, tambm est ando por reformas.

A lojista Isabel Barbosa, de 44 anos, teve que mudar temporariamente sua barraca de ervas para um local prximo, mas ela diz que no se importa.

Desde o anncio da COP, ela notou um aumento no turismo, ento trabalha todos os dias da semana sem pausa.

– Espero trocar de carro… – diz ela, antes de apontar para seu novo “produto estrela”: um perfume verde fluorescente chamado Chama Gringo.

*EFE

Brasil : Biocarvo e plantas nativas podem ajudar a recuperar solos contaminados por metais pesados na Amaznia
Enviado por alexandre em 28/04/2025 09:25:54


Biocarvo e plantas nativas podem ajudar a recuperar solos contaminados por metais pesados na Amaznia

O caroo do aa um poluente ambiental que ainda no possui uma destinao adequada na regio amaznica. Uma alternativa para a reutilizao desse resduo o biocarvo.

Cdmio, Cromo, Cobre, Zinco e Arsnio. Esses so alguns dos metais pesados considerados txicos sade humana e ao meio ambiente, mas que esto presentes em solos que foram degradados pela minerao e por lixes na Amaznia.

Diante dessa problemtica, alunos e professores do Grupo de Pesquisa de Estudos da Biodiversidade de Plantas Superiores (EBPS), da Universidade Federal Rural da Amaznia (Ufra) vem trabalhando na busca por solues.

“O objetivo principal restabelecer essas reas degradadas a partir de uma atuao que envolve duas frentes de trabalho, que so o uso de biocarvo para recuperar o solo e a utilizao de plantas fitorremediadoras para reflorest-lo”, explica o coordenador do grupo, professor Cndido Ferreira Neto.
Biocarvo


O caroo do aa um poluente ambiental que ainda no possui uma destinao adequada na regio amaznica. Uma alternativa para a reutilizao desse resduo o biocarvo, tambm chamado de biochar. A partir de um processo chamado pirlise, em que h a degradao trmica do caroo do aa em altas temperaturas e na ausncia de oxignio, os pesquisadores conseguiram chegar temperatura ideal para que o caroo no vire carvo e ainda mantenha suas propriedades fsico-qumicas, necessrias para a nutrio do solo.

Segundo o coordenador do grupo, quando aplicado no solo, o biochar do caroo do aa tem a capacidade de reter os metais pesados, absorvendo-os e corrigindo o ph do solo, alm de fornecer nutrientes.

“O biochar tambm retm carbono no solo, evitando que o gs carbnico alcance a atmosfera, o que contribui para evitar mais danos ao efeito estufa”, diz Cndido Ferreira.

Leia tambm: Biocarvo alternativa sustentvel para fertilidade de solos amaznicos, aponta pesquisa
Plantas fitorremediadoras

A a vez das plantas. Para que ocorra o reflorestamento preciso que as plantas utilizadas tambm em a quantidade de elementos qumicos presentes no solo contaminado. Para isso, a equipe tambm est testando espcies da Amaznia com potencial fitorremediador, ou seja, plantas com capacidade de tirar esse metal do solo, acumulando-os na raiz, tronco ou folhas, como explica o coordenador.

Trs plantas testadas j apresentaram resultados positivos, com crescimento combinado ao biocarvo: Ucuuba, Mogno e Palheteira. As plantas de mogno foram expostas a nveis txicos de cobre, enquanto que as de ucuuba foram expostas a doses de cdmio.

“O mogno brasileiro apresentou alto ndice de tolerncia em todas as concentraes de cobre aplicadas, da mesma forma a ucuba, que se mostrou tolerante ao cdmio, principalmente nas altas dosagens”, disse o pesquisador. J a Palheteira apresentou tolerncia somente a doses de cdmio e deve ar por testes com outros metais.
Fotos: Reproduo/Grupo de Pesquisa de Estudos da Biodiversidade de Plantas Superiores (EBPS)

Para identificar o potencial fitorremediador da espcie foi feito um levantamento inicial de quais seriam essas plantas, onde foram avaliados: a tolerncia do vegetal em ambientes txicos, a quantidade de metal que a espcie concentra em seus rgos e a capacidade da planta em translocar o metal da raiz para parte area.

“Existem vrias plantas com potencial fitorremediador. Mas o tempo que essa planta fica exposta a esses metais e a concentrao desses elementos, podem fazer com que essa planta morra. justamente o que no queremos”, diz o coordenador.

“O biocarvo retm o metal e depois a planta absorve e retira esse metal do solo. Como o biocarvo retm e adsorve esses metais, sua disponibilidade no solo e para a planta fica reduzida. Isso significa que a planta fitorremediadora vai absorver uma quantidade menor de metal, impactando diretamente no melhor desenvolvimento dessa planta”, diz Cndido Ferreira.
Resultado tambm observado na agricultura

Essa combinao tem mostrado resultados promissores, no s para a recuperao de solos degradados, mas tambm para melhorar a produo agrcola na regio.

“Percebemos que, quando se coloca o biocarvo a uma concentrao ideal no solo, isso melhora a produo e o desenvolvimento da cultura”, explica.

Segundo o pesquisador, os solos da regio amaznica so cidos e pobres de nutrientes. Por isso comum o uso da calagem, procedimento feito pelos agricultores para aumentar o ph do solo. “Mas com o biocarvo isso j corrigido. O biocarvo libera macro e micronutrientes ao solo. Aos poucos ele libera nitrognio, fsforo, magnsio, potssio, enxofre, essenciais para a planta se desenvolver. Ao longo do tempo possvel que no seja preciso adubar esse solo, o que vai impactar na renda do produtor, que no vai precisar gastar com calagem e produtos”, diz.

A equipe realizou testes com milho e jamb, e os resultados superaram as expectativas. “O biocarvo no s melhorou o ph cido do solo, mas tambm forneceu nutrientes a esse solo e melhorou a produo e o desenvolvimento daquela cultura”, explica. “O Biocarvo tambm capaz de reter agua no solo, em perodos de estiagem ele consegue reter essa agua e ajudar a manter a umidade do solo para a planta”, diz.
Prximos os

Os prximos os da pesquisa incluem a testagem de novas espcies de plantas com potencial fitorremediador, como andira-uxi, pau pretinho e tatapiririca. O objetivo avaliar o potencial fitorremediador de cada uma dessas espcies para as reas degradadas. J a produo de biocarvo est sendo testada tambm com resduos de outros materiais, como o ourio e a casca da castanha, resduos de poda e a casca do cacau. Nesse caso o foco na produo vegetal, como a produo de mudas de frutferas e espcies florestais e na produo de hortalias. Eles ja esto sendo testados em culturas agrcolas, como o feijo e milho.

O projeto existe desde 2023, e conta com financiamento da Fundao Amaznia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

*Com informaes da Ufra


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Brasil : Greenpeace Brasil mostra impacto da crise climtica em documentrio com imagens da Amaznia
Enviado por alexandre em 28/04/2025 09:22:12


Greenpeace Brasil mostra impacto da crise climtica em documentrio com imagens da Amaznia

Por meio de imagens areas da destruio ambiental provocada pela ao humana no pas, produo audiovisual traz um sinal de alerta.

Foto: Reproduo/Greenpeace

O Greenpeace Brasil lanou, no dia 16 de abril, uma nova campanha de conscientizao e alerta sobre a crise climtica. A campanha ‘Que Planeta Esse">https://ouropretoonline.atualizarondonia.com/meio-ambiente/greenpeace-brasil-crise-climatica/
Brasil : Cuscuz, o prato tpico nordestino que se tornou queridinho no Norte
Enviado por alexandre em 28/04/2025 09:18:48


Cuscuz, o prato tpico nordestino que se tornou queridinho no Norte

O Ciclo da Borracha um dos motivos da chegada do popular prato feito base de milho na regio.


Cuscuz com caf, ovo, leite ou at uma verso doce, no caf da manh, almoo e at na janta. So vrios os jeitos de degustar o prato que a cara de Rondnia. Mas voc sabe onde surgiu e o porqu da massa amarela do milho ser to popular no estado?

O Grupo Rede Amaznica conversou com o historiador Aleks Paliot, que volta no tempo para explicar como um prato tpico do Nordeste se tornou o queridinho do Norte.

Um dos perodos que marcaram a introduo do cuscuz no territrio futuramente nomeado de Rondnia o Ciclo da Borracha. Segundo Aleks Paliot, a regio recebeu uma grande migrao de nordestinos e povos de vrios estados.

Os “soldados da borracha” fugiam da seca e chegaram a Rondnia com suas bagagens, cultura e principalmente o cuscuz.
Uma pequena volta no tempo


A histria do grozinho comea antes da combinao entre as culturas do Norte e Nordeste, a origem do prato no brasileira e sua chegada est ligada a uma poca em que pessoas eram separadas de suas famlias e comunidades e obrigadas a viajar em condio cruis.

Segundo Palitot, o cuscuz veio do continente africano para o Brasil nos navios tumbeiros com os escravizados que eram obrigados a trabalharem com a produo aucareira no Nordeste. De acordo com Paliot foi assim que o alimento foi introduzido na culinria nordestina.

Leia tambm: Milho chegou ao Brasil pela Amaznia ocidental e foi domesticado ao longo de ondas migratrias

O cuscuz no somente um alimento: o prato simboliza a identidade desses povos que, por diferentes motivos, tiveram que deixar seu lar.

A mistura e a combinao de diferentes culturas o motivo para o alimento ser to popular entre os rondonienses, que hoje aps adaptaes do prato consomem de diferentes formas e horrios.

“Houve um sincretismo gastronmico cultural, entre os nordestinos e os ‘beiradeiros’. Foi assim que o alimento se tornou tpico aqui”, conclui o historiador.
Confira abaixo receitas de Cuscuz:
Cuscuz tradicional

O cuscuz tradicional feito a partir do fub de milho, que uma espcie de farinha com flocos finos e que absorvem mais gua. Confira abaixo os ingredientes:

2 xcaras de ch de floco;
1 xcara de ch de gua;
Uma colher de ch de sal, ou a gosto.

Modo de fazer

Em um recipiente misture a farinha de milho com o sal. Coloque gua aos poucos e mexa bem. Se possvel, deixe hidratar por 5 a 10 minutos.
A massa cozida no vapor de gua, para isso utilizada uma a especfica: a cuscuzeira. Para manusear faa assim: encha o fundo da cuscuzeira com gua e encaixe o “cesto de vapor” na a.
Coloque a farinha de milho hidratada no cesto. Tampe e leve ao fogo. Quando comear a ferver a gua deixe cozinhar por mais 10 minutos.
Depois retire da cuscuzeira e adicione acompanhamentos, so boas pedidas: manteiga, ovo, queijo, frango e carne de sol, por exemplo.

Cuscuz de tapioca com coco e castanha

O Rondnia Rural j ensinou como fazer um cuscuz de tapioca com coco e castanha. Uma verso com ingredientes da amaznica que, segundo a chef Marita Moura, fcil de fazer (veja no vdeo acima).

Ingredientes

5 xcaras de leite
4 xcaras de tapioca
2 xcaras de coco ralado
1 xcara de acar
1 pitada de sal
1 pitada de cumaru

Cobertura:

Doce de leite
1 xcara de castanha do Brasil triturada

Modo de fazer

Em um recipiente, coloque as quatro xcaras de tapioca, as duas xcaras de coco ralado, uma xcara de acar, as cinco xcaras de leite e misture bem. Depois acrescente o sal.
Depois escolha a especiaria de sua preferncia para aromatizar, pode ser canela. Mas a escolha da Chef foi cumaru.
Ento deixe essa mistura por 8h na geladeira (confira o ponto correto no vdeo acima).
Depois, com a consistncia correta, cubra o cuscuz de tapioca com doce de leite e a castanha do Par.

*Com informaes da Rede Amaznica RO ... - Veja mais em https://ouropretoonline.atualizarondonia.com/gastronomia/cuscuz-queridinho-no-norte/
Brasil : Desastres hidrolgicos so os mais recorrentes na Amaznia Legal nos ltimos 28 anos
Enviado por alexandre em 25/04/2025 00:51:10

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Os riscos desses acidentes ainda ameaam comunidades ribeirinhas e costeiras devido ao contato direto com o rio e o mar.

A Amaznia Legal tem se mostrado cada vez mais vulnervel aos desastres naturais influenciados pelas mudanas globais do clima. De 1995 a 2024, houve um aumento de 1.789% nos registros de eventos climticos na Amaznia: foram 1.425 ocorrncias no ano ado, contra 37 no incio da srie analisada pela InfoAmazonia, com base nosdados do Sistema Integrado de Informaes de Desastres da Defesa Civil.

Os eventos hidrolgicos, como enxurradas, inundaes e alagamentos, so os mais recorrentes na regio, representando aproximadamente 64% de todos os desastres naturais. Ainda segundo dados do Sistema Integrado de Informaes de Desastres da Defesa Civil, foram contabilizados 3.430 desastres desse tipo entre 1995 e 2024. Esta predominncia est diretamente ligada relao das cidades amaznicas com os rios.

O Par lidera o ranking de desastres hidrolgicos na Amaznia Legal, com 1.147 registros entre 1995 e 2024 (33% do total). Em seguida, temos Amazonas, com 716 ocorrncias, Mato Grosso (541), Maranho (483) e Tocantins (238). Rondnia (97), Acre (89), Roraima (73) e Amap (46) apresentam menor incidncia dos eventos, mas seguem o mesmo perfil, com mais desastres relacionados gua como o principal problema enfrentado nas ltimas trs dcadas.

A Defesa Civil Nacional define desastres como eventos graves naturais ou humanos que causam danos vida, ao ambiente e economia. Eles so classificados em naturais (como meteorolgicos, climatolgicos, geolgicos e hidrolgicos) e humanos (como acidentes com produtos perigosos ou incndios). A Defesa Civil responsvel por monitorar e agir para reduzir os impactos desses eventos no Brasil.

Entre os naturais, est o desastre climatolgico de chuvas. A Classificao e Codificao Brasileira de Desastres (Cobrade), criado pelo Ministrio de Integrao e Desenvolvimento Regional, define que esse tipo ocorre quando h grande volume de chuva em pouco tempo. Elas podem provocar inundaes (transbordamento de rios), enxurradas (escoamento rpido em terrenos inclinados) e alagamentos (acmulo de gua por falha na drenagem urbana).

De acordo com o Atlas de Desastres Brasileiro, documento que disponibiliza dados sobre desastres no pas, com base no Sistema Integrado de Informaes sobre Desastres, essa interao de todos os eventos monitorados pela Defesa Civil Nacional leva a extremos com impactos significativos para o ecossistema, populaes e atividades econmicas na regio. A sistematizao dos dados permite ter um panorama de situaes de emergncia no perodo de 1995 a 2024.

Municpios lderes em desastres 6g6e5h

O levantamento mostrou ainda quais so os municpios com mais registros em cada estado da Amaznia. No Par, destaca-se Oriximin, localizado a 881 km de Belm, com um total de 139 casos de desastres naturais. J em Mato Grosso, o municpio com maior nmero de ocorrncias foi Sorriso, a 398 km de Cuiab, com 61 casos — a maioria relacionada a incndios florestais.

No Amazonas, Manacapuru, a 93 km de Manaus, registrou 37 casos, todos associados a inundaes. Esses eventos no ocorrem de forma isolada, mas so intensificados por fatores crticos, como as mudanas climticas globais, o fenmeno El Nio — que se caracteriza pelo aquecimento anormal das guas do Oceano Pacfico e afeta o clima em vrias partes do mundo, alterando os padres de chuva e temperatura —, e tambm pela oscilao de temperatura no Atlntico Norte tropical, que influencia diretamente o regime de chuvas na bacia amaznica.

Tanto Mato Grosso, Rondnia e Roraima apresentaram mais registros de desastres climatolgicos, provocados principalmente pela escassez de chuvas. Mato Grosso registrou 333 casos de incndios florestais, Rondnia e Roraima registraram respectivamente 52 e 38 casos de estiagem

A estiagem um perodo de baixo ou nenhum registro de chuva, j a seca definida como uma estiagem mais prolongada, provocando um grande desequilbrio hidrolgico.
e seca
Perodo prolongado de tempo seco, com baixa precipitao ou ausncia de chuva.
.

Apesar de Mato Grosso ter registrado a maior quantidade de incndios florestais, e Roraima e Rondnia apresentarem como principais desastres a estiagem e seca, a maioria dos registros na Amaznia decorrente de inundaes. Esse tipo de tragdia vem impactando milhes de pessoas que vivem prximas aos rios, igaraps e do mar.

A complexidade dos desastres na Amaznia evidencia a necessidade de estratgias integradas de gesto de riscos, que considerem as particularidades de cada estado e seus desafios especficos. Alm disso, essencial reforar iniciativas de conservao ambiental e polticas pblicas que promovam a resilincia das populaes afetadas e a proteo dos ecossistemas, assegurando o equilbrio ecolgico e a qualidade de vida na regio.

Inundaes na zona costeira 33zz

A regio amaznica, em sua vasta extenso, apresenta uma disposio a desastres naturais, resultado da interao entre fatores climticos, hidrolgicos e meteorolgicos. No entanto, dentro deste cenrio, destacam-se reascomo a Zona Costeira Amaznica, que considerada uma zona permanentemente de risco.

A Zona Costeira Amaznica possui um litoral que se estende por 1.294 km, abrange os estados do Amap, Par e parte do Maranho, cuja caracterstica principal a presena marcante da Foz do Amazonas

A Foz do Amazonas a regio onde o rio Amazonas se encontra com o oceano Atlntico, na costa da Amaznia brasileira, especificamente nos estados do Amap e Par.
. Essa regio agravada tanto pelos processos naturais caractersticos de zonas costeiras, como eroso, aumento do nvel do mar e mudanas na dinmica sedimentar, quanto pela influncia direta do oceano, que intensifica os impactos locais.

Segundo a doutora em geologia e pesquisadora no Instituto de Pesquisas Cientficas e Tecnolgicas do Estado do Amap (IEPA), Valdenira Santos, essa proximidade com o oceano influencia as dinmicas ambientais e sociais at 800 km rio adentro, moldando o ritmo de vida das comunidades locais por meio do fluxo contnuo das mars.

“Um exemplo relevante a foz do rio Amazonas, que inclui a parte norte da Ilha do Maraj e o litoral do Amap. Nessa regio, a intruso de gua salgada vinda do oceano pode alcanar grandes extenses devido topografia plana e baixa. Os principais problemas enfrentados por essas zonas incluem inundaes e processos de eroso costeira”, comenta a pesquisadora.

As constantes alteraes na costa so frequentemente relatadas por muitas comunidades da Foz do Amazonas. Fenmenos como invaso salina, inundaes, eroso e acreo tm se tornado mais frequentes e severos, especialmente sob o impacto das mudanas climticas e da elevao do nvel do mar.

Municpios como Macap, no Amap, que se encontra no canal norte da Foz do Amazonas, e Chaves, no Par, que est no canal sul, integram a Zona Costeira de Baixa Elevao. Essa regio caracterizada por reas com uma elevao de menos de dez metros, aproximando-se ao nvel mdio do mar. Com a caracterstica do terreno baixo e plano, o risco de inundao na regio da foz do rio Amazonas aumenta.

Valdenira Santos explica, ainda, que essa a dinmica hidrolgica do rio Amazonas est diretamente relacionada periodicidade da Zona de Convergncia Intertropical, um sistema que regula os padres de chuvas na regio. Alm disso, tambm influenciada pelo “El Nio” e “La Nia”. Quando o rio Amazonas atinge seu pico mximo de volume de gua devido s chuvas intensas, ocorrem inundaes fluviais que se espalham por diversos rios da regio.

“Na Foz do Amazonas temos o encontro com o mar. O mar traz duas vezes por dia, no nosso caso aqui, as mars que elas sobem e descem. Com a alquota mxima [nvel mximo] do rio, e a mar subindo e descendo, temos um nvel d’gua que mais exacerbado. Por isso, vemosinundaes, principalmente em dias de lua cheia, devido a gravidade lunar que puxa a gua em direo lua e cria grande mars”, comenta Santos.

No distrito da Vila de Nascimento, que fica a 115 km da sede do municpio de Chaves, na Ilha do Maraj, no Par, houve uma inundao em 2019, segundo dados do Sistema Integrado de Informaes sobre Desastres. Estima-se que o desastre tenha atingido 1.627 pessoas, entre elas alunos da escola municipal Jlia de Paula Moraes e destrudo arelas. A gua tambm foi contaminada devido ao transbordamento dos banheiros (fossa rudimentar), morte de animais de espcies bubalinos e sunos, impossibilitando que 283 alunos tivessem o escola entre os meses de maro e abril.

A diretora Renata Melo, da escola Jlia de Paula Moraes, explica que, quando a mar vinda do oceano chega com fora, ela avana sobre a terra, causando a queda de pontes. Mesmo durante o perodo de “mar morta”, em que o rio Amazonas apresenta menor volume, ela avana de forma mais lenta, mas ainda assim provoca danos, como a degradao dos portos e a intensificao da eroso.

“Quando est esse perodo de mars perigosas, a gente suspende as aulas e suspende tambm os alunos que moram perto da escola, porque eles precisam fazer esse percurso por ponte.s vezes, a ponte est tomada de espinhos e de lixo que a mar traz,servindo de alojamento para animais peonhentos como cobra, escorpio. J aconteceu muito”, diz Melo.

A eroso um outro problema que vem afetando as comunidades da regio litornea de Chaves. Segundo os dados Atlas de Desastres Brasileiro, a eroso o desastre mais comum no municpio de Chaves.

Renata diz que, apesar de as casas nas comunidades no serem atingidas, frequente que as famlias sejam transferidas para outros lugares. Dona Lucivalda Monteiro, moradora da comunidade do rio Tartaruga, 124 km da sede do municpio de Chaves, conta que, quando era criana, orio era bem estreito, mas, com a intensificao da eroso, h uns dez anos para c, precisou recuar sua casa para evitar perd-la.

“Ns desmanchamos a antiga casa, construmos esta, e j construmos outra aqui para trs porque est aqui j est bem na beira. Tem que ver no inverno mesmo, que muita maresia das embarcaes que andam por dentro, n? A que cai”, explica Dona Lucivalda.

Totalizando os danos de todos os desastres ocorridos no municpio de Chaves e apresentados no Atlas de Desastres Brasileiro, os custos podem ultraar R$ 11,2 milhes. Os eventos aumentaram a vulnerabilidade das comunidades, provocando prejuzos materiais, risco sade, dificuldades no abastecimento de gua potvel e nas atividades essenciais de subsistncia, como a pesca e a criao de animais.

O bailar das ilhas a1f6l

Outra regio que vem sendo atingida pelas mudanas costeiras associadas a eventos climticos e hidrolgicos extremos o arquiplago do Bailique, distrito localizado a 180 km de Macap, no Amap. Atualmente, vivem cerca de 12 mil pessoas no arquiplago, distribudas em 52 comunidades, divididas em doze ilhas banhadas pelo rio Amazonas, com o apenas por via fluvial.

O nome Bailique deriva do tupi e significa ilhas que bailam, fazendo uma referncia ao processo de constante mudana da regio. A pesquisadora Valdenira Santos fala que no s o Bailique que “baila”, mas todas as ilhas da Foz do Amazonas tm esse mesmo comportamento. Esse processo natural e motivado pela quantidade de partculas de barro vindo na gua do rio Amazonas, unindo corrente fluvial e as variaes de mar.

“[Isso ocorre] exatamente devido s correntes, do material sempre disponvel que depositado nas beiradas das ilhas ou removido no processo de eroso fluvial e depositado em outros lugares. So envolvidos trs principais fenmenos nesse processo muito peculiar da regio da foz do rio Amazonas: a eroso, a acreo e o transporte de sedimentos”, completa a pesquisadora.

O fenmeno da acreo se refere formao de praias devido ao acmulo de sedimentos, conhecido como “acamamento de mar”. Trata-se da deposio de camadas de lama e areia que, com o tempo e de forma constante, acabam emergindo. Depois, essas reas am a ser ocupadas por manguezais e vegetao de vrzea.

Por no se tratar de um solo consolidado, e devido fora da correnteza ou variao da mar, ocorre o processo de eroso — outro fenmeno caracterstico da foz do rio Amazonas. Com a retirada do material das margens ou do fundo do rio, esses sedimentos erodidos so transportados para outras regies, reiniciando o ciclo de acreo, eroso e transporte sedimentar.

Apesar dessas constantes alteraes serem naturais, pesquisadores e as prprias comunidades comearam a notar que elas esto cada vez mais intensas nos ltimos cinco anos. Ainda no se confirmou se ocorrem devido mar do oceano ou ao aumento da fora de corrente do rio Amazonas. A eroso vem atingindo fortemente as comunidades do centro do arquiplago do Bailique e causando danos humanos, materiais e afetivos com as comunidades.

Geov Alves, morador da comunidade Vila Macednia e presidente da Associao das Comunidades Tradicionais do Bailique – ACTB, diz que sua comunidade era totalmente diferente, tendo trs vezes o tamanho que tem hoje. Conta que o processo de eroso ficou mais forte a partir de 2018-2019, onde ainda existia metade da comunidade e moravam cerca de 1.200 habitantes. Hoje so apenas 600.

“Ns j perdemos trs fileiras de arela

Estruturas de madeira construdas para permitir a circulao dos moradores entre as casas e reas comuns da comunidade. Como a regio cercada por rios e sujeita a inundaes frequentes, essas arelas funcionam como “ruas elevadas”.
. Cada arela tem dois terrenos de 30 metros cada um. Ento, foram 180 metros que a gente j perdeu s de comunidade, fora a rea que tinha na frente. Tinha uma escola l na frente, tinha um campo de futebol e tinha uma arela enorme, com vrias casas, que j se perdeu”, lembra Geov.

A pesquisadora Valdenira Santos acompanha a situao da eroso nas comunidades de Chaves, no Par, e do Bailique, no Amap, por meio do Observatrio Popular do Mar (OMARA). O projeto tem como objetivo monitorar os impactos desse fenmeno, coletando dados diretamente das observaes realizadas pelos moradores locais para subsidiar iniciativas voltadas soluo do problema. Santos destaca que, apesar das dificuldades e dos prejuzos j enfrentados, as comunidades da Foz do Amazonas tm uma notvel capacidade de adaptao. Contudo, ela ressalta que para que essas adaptaes sejam eficazes e alinhadas s necessidades locais, fundamental compreender em profundidade como os fenmenos ocorrem na regio.

“Por exemplo, eu no posso construir uma escola, um posto de sade, numa zona de eroso. Mas como que voc vai saber disso? No s olhando. Voc tem que ir l. Voc tem que medir, voc tem que fazer anlise de satlite, saber quanto a velocidade de corrente para voc saber se a corrente ainda est forte o suficiente ou no para manter aquele processo. Tem que saber como esse fundo de rio. Ento, voc pega todas essas informaes morfolgicas, hidrodinmicas, e a consegue dar um diagnstico e um prognstico. Dessa forma, eu posso me antecipar aos problemas e no deix-los chegar para a gente tentar tomar solues imediatas”, comenta a pesquisadora.

Os dados do Atlas de Desastres Brasileiro mostram que do total de registros de desastres ocorrido em Macap, 32% foram na regio do Bailique, em sua maioria do tipo eroso. Em 2017 e 2018, o evento afetou 1390 pessoas, alm de ter deixado 514 casas destrudas ou danificadas. Consta, ainda, que houve a destruio total de aproximadamente 2.400 metros de arelas; danos na rede de distribuio eltrica com a queda de postes e danos parciais em unidades de sade e ensino.

Mais recentemente, em 2021, houve dois registros de eroso e, em 2023, mais outro. O desastre afetou o abastecimento e a distribuio de gua potvel e de eletricidade das duas maiores comunidades do arquiplago, Vila Progresso e Macednia. Estima-se que os desastres j tenham causado em reais R$ 39,4 milhes, mais da metade desse valor, cerca de 72%, foi danos em habitao da populao do Bailique.

A Defesa Civil do Amap no informou quanto vem destinando para responder desastres do tipo eroso nas comunidades, reforou que a assistncia prestada s famlias est na ajuda humanitria com cesta de alimentos e gua potvel. No entanto, no informou quanto foi gasto nesse perodo.


Esta reportagem foi produzida por jornalistas bolsistas da segunda edio do curso de Jornalismo Investigativo Ambiental e Geojornalismo, oferecido com o apoio da Earth Journalism Network da Internews, e parte do eixo educacional daInfoAmazonia.

Sobre o autor

Thales Lima 4o312g

Jornalista, reprter e fotojornalista. Atua como mdia ativista no Amap e desenvolve aes direcionadas ao direito cidade, ativismos urbanos, movimentos socioambientais e juventudes na Amaznia....

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