Segundo o presidente, at a semana que vem o Ibama se reunir com a Casa Civil para discutir a autorizao
O presidente Lula (PT) voltou a defender, nesta quarta-feira, 12, a explorao de petrleo na Bacia Foz do Amazonas e reclamou da falta de autorizao do Ibama a estudos de viabilidade tcnica da rea pela Petrobras. Segundo o presidente, at a semana que vem o Ibama se reunir com a Casa Civil para discutir a autorizao.
O pedido da Petrobras para perfurao de um novo poo na margem equatorial —etapa quando se busca estudar a viabilidade tcnica e econmica da explorao, antes de iniciar a produo de petrleo.“Se depois a gente vai explorar outra discusso. O que a gente no pode ficar nesse lenga-lenga. O Ibama um rgo do governo parecendo que um rgo contra o governo“, disse Lula em entrevista Rdio Dirio FM, de Macap.
Lula disse que quer que o petrleo seja explorado nessa regio, mas antes precisa pesquisar e ver “se tem petrleo e a quantidade de petrleo”. “O que ns queremos que o governo diga qual a vontade dele. A Petrobras uma empresa responsvel e tem a maior experincia de explorao de petrleo em guas profundas e vamos cumprir todos os ritos necessrios para que a gente no cause nenhum estrago na natureza”, disse Lula.
“A gente no pode saber que temos uma riqueza embaixo de ns e a no vamos explorar, at porque dessa riqueza que a gente vai construir a famosa e sonhada transio energtica.
Na entrevista, Lula voltou a cobrar financiamento estrangeiro para a preservao da Amaznia, e disse que o volume de recursos necessrios para essas medidas tem aumentado e esto cada vez mais difceis. O petista fez meno ao presidente americano Donald Trump, que decidiu deixar o acordo de Paris. “Pelo comportamento do presidente americano, vai ficar cada vez mais difcil os pases ricos se comprometerem a ajudar a salvao do planeta”, disse Lula.
Foto: Reproduo
O presidente j defendeu explorao de petrleo na Bacia Foz do Amazonas em outras ocasies, inclusive a rdios de Minas Gerais na semana ada. Alm de Lula, defendem o empreendimento a primeira-dama Janja, o ministro Alexandre Silveira, o lder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), e o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Unio Brasil-AP). A rea energtica do governo e a Petrobras argumentam que a Foz do Amazonas essencial para substituir o declnio da produo do pr-sal na prxima dcada.
J a ministra Marina Silva afirma que s a anlise tcnica do Ibama pode determinar se sustentvel, ou no, realizar o empreendimento. Ela tem apoio da ministra de Povos Indgenas, Sonia Guajajara, e de ambientalistas.
Fonte: Folhapress
Presidente do Ibama rebate aps Lula cobrar petrleo na Foz do Amazonas: 'No faria o que fao se no gostasse de presso'
Foto: Reproduo le28
Mais cedo, Lula criticou o Ibama pela falta da autorizao para explorar petrleo e defendeu a pesquisa na regio
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou que est habituado “presso” aps o presidente Luiz Incio Lula da Silva cobrar o rgo a autorizar pesquisas para a explorao de petrleo na Foz do Amazonas. A presso pela liberao vem crescendo no meio poltico e uma demanda, por exemplo, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (Unio-AP).
Isso normal. Se eu no gostasse de presso, no estava fazendo o que eu fao. Eu preciso tambm ser justo. O presidente nunca me pressionou para isso, mas de tempos em tempos tem empreendimentos que so emblemticos e a sociedade toda cobra uma resposta. Vejo isso com muita naturalidade—afirmou Agostinho ao GLOBO.
Mais cedo, Lula criticou o Ibama pela falta da autorizao para explorar petrleo e defendeu a pesquisa na regio e afirmou que o rgo ambiental "parece" atuar contra o governo. No que vou mandar explorar, eu quero que seja explorado. (...) O que no d ficar nesse lenga-lenga, o Ibama um rgo do governo e est parecendo que um rgo contra o governo — disse Lula em entrevista Rdio Dirio FM, de Macap.
O presidente afirmou que, provavelmente ainda nesta semana, a Casa Civil vai se reunir com o Ibama para tratar sobre a autorizao Petrobras para pesquisas de explorao de petrleo na regio. Agostinho disse no ter sido avisado ainda sobre uma nova reunio, mas que o Ibama tem se reunido constantemente com a Casa Civil para tratar sobre esses e outros assuntos.
A Casa Civil est acompanhando isso pari u. Teve reunies recentes, no s por conta desse empreendimento. Tem a sala de situao do PAC, ento, toda semana a gente est l em reunies—disse Agostinho. Segundo o presidente do Ibama, dificilmente qualquer resposta sobre o assunto sair antes de maro. Ele acrescentou queas tratativas esto caminhando.
Agora em dezembro, a Petrobras apresentou um novo plano de emergncias. Esse plano est sendo analisado e, ao mesmo tempo, a Petrobras comeou a construir uma base em Oiapoque, mais ou menos 170 quilmetros de distncia da rea de explorao. Diminui muito tempo de resposta para um eventual acidente. A base fica pronta s no final de maro, ento, por isso que algumas pessoas esto fazendo a leitura de que a licena ser em maro. Dificilmente sai alguma coisa antes de maro—disse.
Fotos: Reproduo
Interlocutores de Lula afirmam que o objetivo do governo que a autorizao para a pesquisa saia ainda no primeiro trimestre. Auxiliares lembram que o presidente ou a tratar do tema com mais frequncia nas ltimas semanas e que ele tem reiterado que o aval, neste momento, seria apenas para a pesquisa. Caso a viabilidade da explorao seja constatada, ser necessria uma nova licena ambiental.
Agostinho disse ainda que, apesar da cobrana, o Ibama deve se manter a uma resposta tcnica. Os servidores do Ibama so concursados, ento mesmo que eu fizesse qualquer tipo de presso sobre eles, eles tm a proteo do prprio cargo deles. Tanto que mesmo no governo ado, situaes como essa no aconteceram—disse.
Mais da metade dos municpios da Amaznia Legal esteve sob seca durante todo o ano de 2024. Uma anlise exclusiva da InfoAmazonia, baseada nos dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), sendo responsvel por emitir os alertas de desastres naturais para todo o pas, revela que, dos 772 municpios da regio, 459 (59,5%) sofreram com o problema climtico de 1 de janeiro a 31 de dezembro no ano ado.
Em setembro, auge do vero na Amaznia, quase todas cidades estavam em algum grau de seca: 759 (98,3%). Na poca, a reportagem navegou o rio Solimes entre os municpios de Tef e Uarini, no Amazonas, e acompanhou Ernan Pereira, piloto que apoia organizao cientfica Instituto de Desenvolvimento Sustentvel Mamirau, e levou os pesquisadores at as comunidades ribeirinhas impactadas pela falta d’gua.
“A gente vive uma realidade [mais surpreendente] a cada ano que se a, principalmente para quem navega e para as populaes ribeirinhas que vivem nessas comunidades, que sofrem bastante com essa estiagem e no esto preparadas”, disse Pereira.
Grandes bancos de areia ocuparam o lugar onde deveria estar o rio, um dos sinais evidentes da falta de chuva. Em menor ou maior intensidade, isso se repetiu em 2024 por toda a regio. O Cemaden utiliza uma classificao de acordo com a gravidade da seca (veja os detalhes da metodologia abaixo). Os piores ndices so “severa”, “extrema” ou “excepcional”, sendo a ltima a mais grave de todas. As verses mais “leves” da seca so a “fraca” e a “moderada”.
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Um nico municpio da Amaznia chegou ao nvel de seca excepcional: Tarauac, no noroeste do Acre. Segundo os dados do Cemaden, a regio estava com limites de precipitao, de gua disponvel no solo e de sade da vegetao em seus piores nveis.
“ muito raro ver uma seca excepcional, porque a gente faz uma mdia dos valores dos ndices e, no final, essa mdia suaviza. A gente pega a chuva, pega o solo, calcula os desvios da normalidade e verifica as classes. Em janeiro [de 2025], a previso que a precipitao seja dentro do normal, mas, nessa regio de Tarauac, as chuvas ainda podem ser abaixo do esperado”, explica Ana Paula Cunha, pesquisadora do Cemaden que responsvel por fazer o monitoramento da seca.
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Tarauac est entre os municpios da Amaznia que aram o ano todo em seca, com variaes entre os nveis, mas sem interrupo. Em janeiro, j estava em seca moderada. A partir de junho, severa; em julho, foi para extrema; em agosto, chegou ao nvel excepcional. Depois, voltou para o nvel extremo at outubro. Em novembro, recuou para seca severa. Mas em dezembro voltou para seca extrema. Pelo menos uma vez, as cidades sentiram a seca
Quase todos os municpios amaznicos vivenciaram a verso moderada do problema pelo menos uma vez em 2024: 747 (96,7%). J a seca severa foi sentida por 486 municpios (63%) e, a extrema, por 74 (9,5%). Em Feij, no Acre, onde vivem 35 mil pessoas, a populao enfrentou, por dez meses, variaes de seca entre moderada, severa e extrema.
Cunha afirma que 2024 foi o pior ano para o Brasil em termos de seca: “A vegetao seca, com um solo seco, temperatura alta, baixa umidade. Essas reas esto mais suscetveis ao fogo, a propagao dele mais rpida, a mobilidade tambm muito impactada e o abastecimento dos rios leva muito tempo”, explica. Adolescente deitado na rede s margens de praia que se formou aps a seca do rio Solimes. Foto: Jullie Pereira/InfoAmazonia
Em 2024, o dficit de chuvas foi to grande que os principais rios da bacia do Amazonas tiveram o menor nvel da histria. A temperatura mdia da Terra ultraou, pela primeira vez, 1,5C em relao poca pr-industrial, um marco histrico que os cientistas alertam ser fundamental evitar desde o Acordo de Paris, assinado em 2015.
Segundo Cunha, o pas no dispe de um sistema de gesto de risco especfico para a Amaznia, o que compromete a eficcia e a rapidez das respostas. A InfoAmazonia buscou analisar qual deve ser o posicionamento dos novos prefeitos eleitos nas cidades que enfrentaram a seca de 2024, a fim de compreender se h perspectivas de uma gesto mais gil nos prximos anos.
Assim, o levantamento trouxe os dados do ndice de Convergncia Ambiental total (ICAt) do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), que avalia o comprometimento de parlamentares em relao ao meio ambiente, com uma posio favorvel ou no s pautas sobre o tema. Das cidades que enfrentam seca severa, extrema ou excepcional, 117 (89%) elegeram prefeitos com ndice pssimo, ou seja, pessoas contra a causa ambiental. Os resultados tambm mostraram que os prefeitos pr-meio ambiente reeleitos aram por secas mais fracas. Jacar morto fica preso em galhos de rvore no rio Solimes seco, em setembro de 2024. Foto: Jullie Pereira/InfoAmazonia
O cientista poltico Marcos Woortmann, diretor adjunto do IDS, explica que h uma falta de gestores pblicos capacitados para debater, planejar e executar ideias que criem aes a curto prazo contra a seca. Nos ltimos dois anos, a populao amaznica ficou merc de propostas como distribuio de alimentos, envio de brigadistas e drenagem dos rios, sem projetos que realmente reduzissem definitivamente os impactos dos eventos extremos.
Woortmann afirma, ainda, que necessrio um plano de adaptao em nvel municipal para cada um deles. “A Constituio, no seu artigo 170, traz o direito ao meio ambiente saudvel como um direito previsto naquela Carta Magna. Essas pessoas esto ali fazendo precisamente o contrrio, atuando contra a melhor cincia e contra tambm os saberes tradicionais, porque populaes indgenas, populaes ribeirinhas, tambm tm as suas leituras do meio ambiente”, diz. E 2025
O climatologista Jos Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, disse que em 2025 h a previso de a regio sentir os efeitos do La Nia, fenmeno que resfria as guas do oceano Pacfico, mas que ainda no possvel afirmar como ele ir se comportar. “Quando se tem a La Nia, existe uma tendncia de seca no Sul e chuvas na Amaznia, mas temos o oceano Atlntico muito quente, que no est favorecendo as chuvas”, diz. O especialista explica que, por isso, a tendncia do aumento da temperatura na Amaznia vai continuar. Urubus invadem praia onde antes havia o rio Solimes, em busca de peixes mortos Foto: Jullie Pereira/ InfoAmazonia
At julho do ano ado, um outro fenmeno influenciou o clima na regio: o El Nio, fenmeno que gera o aquecimento das guas do oceano Pacfico. No entanto, Marengo explica que a seca que ocorreu na Amaznia no consequncia de um nico evento isolado.
“A estao seca est ficando mais quente. Durante o El Nio fica pior, mas no o El Nio a causa. Isso est sendo comprovado por diferentes pesquisas. Algumas das causas so, por exemplo, a variabilidade interdecadal do Pacfico e as oscilaes multidecadal do Atlntico. Mas o pano de fundo o aquecimento global”, diz.
Esta reportagem foi produzida pela Unidade de Geojornalismo InfoAmazonia, com o apoio do Instituto Serrapilheira.
Parte da pesquisa de ponta em frmacos no Brasil se faz levando amostras de solo de Belm (PA) para um complexo de laboratrios maior que um estdio de futebol em Campinas, no interior paulista. Toda essa viagem para colocar seres microscpicos no que , grosso modo, o maior microscpio da Amrica do Sul, o acelerador Sirius, parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Com essa ferramenta, possvel entender como funcionam os genes das bactrias e quais substncias elas conseguem criar. As equipes envolvidas buscam substncias com potencial antibitico e antitumoral, e os primeiros resultados foram publicados em dezembro em uma revista especializada internacional.
O motivo dessa viagem do solo amaznico a parceria entre o CNPEM e a Universidade Federal do Par (UFPA). O trabalho de campo comeou recolhendo amostras de solo dos interiores do Parque Estadual do Utinga, reserva de conservao constituda em 1993 e que conta com reas restauradas e reas sem interveno humana recente. O grupo investigou trs espcies bacterianas das classes Actinomycetes e Bacilli isoladas, de solo da Amaznia, compreendendo bactrias do gnero Streptomyces, Rhodococcus e Brevibacillus.
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O o seguinte se deu quando os pesquisadores do laboratrio EngBio, da UFPA, liderados por Diego Assis das Graas, usou o sequenciador PromethION, da Oxford Nanopore (Reino Unido), “que se destaca por gerar leituras de alta qualidade, permitindo o sequenciamento de genomas complexos com alta produo de dados e baixo custo. A tecnologia de sequenciamento baseada em nanoporos permite a anlise em tempo real e a leitura direta de DNA. Alm disso, sua portabilidade e flexibilidade o tornam adequado para aplicaes em laboratrio e campo”, explicou Diego, que um dos autores do primeiro artigo escrito a partir dessa fase da pesquisa.
Com esse sequenciamento, foi possvel olhar para os genes e entender como eles atuam na construo de enzimas, e os caminhos que as tornam molculas mais complexas. Metade delas era desconhecida.
“Estas molculas so o foco dos nossos estudos, pois tm grande importncia para desenvolvimento de frmacos e medicamentos. Por exemplo, mais de 2/3 (dois teros) de todos os frmacos j desenvolvidos no mundo tm origem em molculas pequenas naturais, os metablitos secundrios ou metablitos especializados”, explicou a pesquisadora Daniela Trivella, coordenadora de Descoberta de Frmacos do LNBio (Laboratrio Nacional de Biocincias).
A anlise dos dados foi feita tambm no LNBio e utilizou o Sirius. Esse sequenciamento muito mais vel, em termos de custos e tempo, do que era h uma ou duas dcadas. Com isso, possvel analisar o que Trivella explicou serem bactrias “selvagens”, ou seja, aquelas encontradas na natureza. A estimativa atual que menos de 1 em cada 10 espcies de bactrias selvagens sejam cultivveis em laboratrio, e quando o so menos de 10% dos genes que carregam so expressos em laboratrio. Todo o resto “perdido” para a cincia, sem estes mtodos de ponta. “Ento, existem muitas bactrias que ainda no conhecemos e muitos produtos naturais que no conseguamos produzir em laboratrio, ou os produzamos em baixssimo rendimento”, completou Daniela.
Em resumo, o lugar importa, e muito. “Os agrupamentos de genes biossintticos so responsveis pela produo de substncias com potencial biolgico, como medicamentos. Mesmo em organismos j estudados, como as bactrias do gnero Streptomyces, vimos que ainda h muitas substncias desconhecidas nos exemplares isolados do solo da Amaznia. Isso mostra como o ecossistema essencial para novas descobertas. A Amaznia, nesse sentido, continua sendo uma rea rica e pouco explorada para desenvolver novos produtos”, disse em nota outro dos participantes, o pesquisador Rafael Barana (EngBio-UFPA), que coordenou o trabalho pela UFPA.
O o final foi levar a produo para uma escala de laboratrio. Entendendo quais os genes que produzem cada substncia, com uma tcnica avanada chamada metabologenmica, os pesquisadores “convenceram” espcies de bactrias de manejo comum no laboratrio a aceitarem esses genes e produzirem as substncias, produzindo quantidades que possam ser testadas e trabalhadas.
“Com o DNA codificante alvo, a bactria domesticada, que no produzia o metablito de interesse, a a produzi-lo, pois recebeu artificialmente a sequncia de DNA que vimos na floresta. Assim temos o a esta molcula para desenvolver novos frmacos a partir dela. Ou seja, um o a novas molculas a partir de uma rota biotecnolgica”, disse Trivella.
Esse conjunto de testes no isola uma ou duas molculas. Com toda a estrutura do CNPEN um laboratrio dedicado, como o LNBio, pode realizar at 10 mil testes em um nico dia. Essa velocidade compete com outra, voraz, a da devastao. O ano de 2024 teve o maior nmero de queimadas e incndios na Amaznia nos ltimos 17 anos. Para tentar ajudar na corrida, pelo lado da cincia, os investimentos para pesquisas no bioma, anunciados na ltima reunio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia (SBPC) esto no patamar de R$ 500 milhes nesta dcada, com potencial de ajudar a valorizar economicamente o territrio e sua cobertura original.
Como parte dos alvos so molculas para tratar infeces e tumores, o retorno tem potencial superior ao dos investimentos.
“Todos estes mtodos esto condensados na Plataforma de Descoberta de Frmacos LNBio-CNPEM. Esta plataforma realiza a pesquisa em novos frmacos, indo desde a preparao de bibliotecas qumicas da biodiversidade e seleo de alvos teraputicos para o desenvolvimento de frmacos, at a obteno da molcula prottipo (a inveno), que ento a por etapas regulatria para chegar na produo industrial e aos pacientes na clnica”, ilustra Trivella.
Segundo ela as prximas fases da pesquisa levaro as equipes de campo longe at de Belm, para a Amaznia oriental. L esperam confirmar o potencial imenso de novas molculas do bioma e comer a entend-lo ainda melhor.
Esse trabalho faz parte de um esforo maior para criar um centro de pesquisa multiusurio na UFPA, apoiado pelo CNPEM e por projetos nacionais como o Iwasa’i, recentemente implementado no contexto da chamada CNPq/MCTI/FNDCT N 19/2024 – Centros Avanados em reas Estratgicas para o Desenvolvimento Sustentvel da Regio Amaznica – Pr-Amaznia.
O Instituto Escolhas, sediado em S. Paulo, especializado no desenvolvimento de estudos e anlises sobre temas fundamentais para o desenvolvimento sustentvel. Em documento indito, lanado na ltima quinta-feira, 6, mapeia o marco regulatrio da piscicultura nos nove estados da Amaznia Legal e aponta o que deve ser feito para fortalecer o setor na regio. Como prioridade mxima, inserir aspectos regulatrios nos debates sobre fomento a setores da bioeconomia dado seu papel fundamental na transio para uma verdadeira economia de baixo carbono. No caso da piscicultura amaznica, por exemplo, ajustar a legislao seria o primeiro o para destravar e alavancar o potencial do setor, levando em conta como a legislao influencia o desenvolvimento da piscicultura em cada um dos nove estados da Amaznia Legal.
O foco central do trabalho leva em conta dois processos fundamentais na regularizao de empreendimentos: o licenciamento ambiental e a obteno da outorga de direito de uso dos recursos hdricos. Uma vez regularizados, os piscicultores podem ar polticas pblicas, como o crdito rural, pleitear desconto na fatura de energia eltrica e abrir oportunidades de comercializao em mercados institucionais. Em relao aos pequenos produtores, essas etapas bsicas configuram-se os grandes desafios, posto serem eles, os pequenos, exatamente a imensa maioria do universo setorial diagnosticado. Mapeamento geoespacial indito desenvolvido pela pesquisa identificou 61.334 iniciativas em viveiros escavados e em viveiros de barragem, sendo 95,8% de pequeno porte (at 5 hectares de lmina-d’gua), 4% de mdio porte (de 5 a 50 hectares de lmina-d’gua) e apenas 0,2% de grande porte (mais de 50 hectares de lmina-d’gua).
“Nenhum setor produtivo cresce sem a devida ateno e o devido apoio da gesto pblica, da a necessidade de imediata de investimentos do governo federal e dos governos estaduais em apoio ao setor. Enquanto isso, os pequenos piscicultores da Amaznia Legal seguiro fazendo o possvel, sem possibilidade de fortes avanos, alerta Rafael Giovanelli, gerente de pesquisa do Escolhas. Dados do estudo “Soluo debaixo d’gua: o potencial esquecido da piscicultura amaznica”, lanado pelo Instituto em 2024, revelaram que, se nenhuma atitude for adotada pelo governo para estimular a piscicultura regional imediatamente, o crescimento do setor no vai ultraar a marca de 4,6% at 2034.
Dentre as recomendaes do estudo, destacam-se a atualizao imediata de instrumentos jurdicos defasados, principalmente em nvel estadual; a simplificao de processos de licenciamento ambiental – que devem prever licena nica on-line consoante procedimentos autodeclaratrios vlidos entre quatro e cinco anos – acompanhada da intensificao das aes de fiscalizao com uso do georreferenciamento. O estudo tambm recomenda a implementao de foras-tarefas para orientar pessoal e individualmente pequenos piscicultores sobre processos on-line e autodeclaratrios de licenciamento ambiental, nos estados onde o sistema j se enntra previsto em lei.
Com efeito, ajustar a legislao e estimular a regularizao dos pequenos produtores so aes necessrias e urgentes para que o cultivo de peixes nativos na Amaznia possa ganhar trao e ocupar mais espao no competitivo mercado nacional, dominado pela extica tilpia. O fortalecimento dessa cadeia produtiva a, ainda, pela oferta de capacitao tcnica e a disseminao de pacotes tecnolgicos de produo de alevinos, rao, manejo do ciclo de vida. Nada disso, contudo, ter efeito duradouro se a regio no contar com instrumentos jurdicos adequados e atualizados. “ preciso resolver os imes legislativos que atravancam essa cadeia importante da bioeconomia brasileira, que traz uma oportunidade de desenvolvimento socioeconmico com baixo impacto ambiental”, pondera Giovanelli.
Sobre o autor
Osris M. Arajo da Silva economista, escritor, membro do Instituto Geogrfico e Histrico do Amazonas (IGHA) e da Associao Comercial do Amazonas (ACA).
Polcia Federal destri mquina utilizada por garimpeiros na floresta amaznica (Foto: Divulgao/PF)
Do Estado Contedo 59106
SO PAULO – Minas subterrneas de garimpo ilegal de ouro em Maus, no Amazonas, foram inutilizadas nesta semana, em uma operao conjunta envolvendo a Polcia Federal. Trabalhadores do local, encontrados em situao anloga escravido, foram resgatados.
De acordo com a PF, o mtodo considerado incomum e de alto risco, e os danos ambientais j avaliados ultraam R$ 1 bilho, considerando desmatamento, contaminao de lenis freticos e degradao de reas de preservao.
Alm da PF, a Operao Minerao Obscura 2 contou com equipes da Polcia Rodoviria Federal, Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio), Ministrio do Trabalho e Emprego, Ministrio Pblico do Trabalho e Fundao Nacional dos Povos Indgenas (Funai).
A investigao, um desdobramento da Operao Dj Vu, teve incio a partir de denncias de explorao de mo de obra degradante e uso de cianeto na extrao ilegal de ouro.
Durante a ao, as equipes verificaram que os trabalhadores enfrentavam jornadas exaustivas, sem o a direitos bsicos e estavam expostos aos riscos decorrentes do uso de substncias txicas.
Poos para extrao de cobre 1sm3r
Tambm nesta semana, uma operao conjunta da PF, ICMBio, Ibama e Fora Nacional desativou um garimpo ilegal de cobre em Cana dos Carajs, no sudeste do Par. No ms ado, trs garimpeiros ficaram presos em um poo aberto ilegalmente na regio.
Segundo a PF, os poos de extrao de cobre chegam a alcanar 50 metros de profundidade e 100 metros de comprimento total, trazendo risco vida dos trabalhadores, muitas vezes submetidos a condies anlogas escravido.
O ICMbio estima que, nos ltimos cinco anos de funcionamento do garimpo, os poos provocaram um prejuzo superior a R$ 362 milhes pela usurpao de bem mineral da Unio, alm de R$ 6,2 milhes por danos ambientais.
A ao cumpriu mandado de busca e apreenso que autorizou a destruio de mquinas e alojamentos usados no garimpo ilegal dentro da Floresta Nacional de Itacainas. Foram inutilizados ou apreendidos 10 motores estacionrios, 15 acampamentos, duas canoas, um motor rabeta, duas armas artesanais e duas ps carregadeiras.
Tambm foram expedidos dois mandados de priso contra pessoas suspeitas de financiar a extrao ilegal. A PF informou que as perfuraes tm diferentes donos e trabalha na identificao de cada um deles.
“A regio j foi alvo de diversas operaes, porm a explorao ilegal retorna ao local, muitas vezes com estrutura ainda maior”, afirma a PF, em nota.
“A manuteno dessa atividade costuma ocorrer com apoio de financiadores de fora do Estado, com investimento em construo de aporte de energia eltrica e transformadores de grande capacidade, casas de apoio com estrutura para alimentao e sono, afetando a biodiversidade local.”
At o momento, foi realizada penhora solidria de R$ 6 milhes de trs investigados, para reparao de danos ambientais e econmicos.
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