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Brasil : Brasil perde o dobro da rea da capital paulista em superfcie de gua
Enviado por alexandre em 22/03/2025 19:18:55

MapBiomas aponta uma reduo de 2% deste territrio em um ano

O Brasil perdeu 400 mil hectares de superfcie de gua em 2024, uma extenso que equivale a mais de duas vezes a cidade de So Paulo, aponta a atualizao da srie histrica do MapBiomas gua, divulgada nesta sexta-feira (21). No ano ado, o territrio do pas coberto por corpos hdricos e reservatrios ficou em 17,9 milhes de hectares, o que representa uma diminuio de 2% em relao 18,3 milhes registrados em 2023.

De acordo com a nova coleo de mapas e dados de cobertura do territrio nacional por superfcie de gua, h uma acentuao na trajetria de diminuio dessa rea na ltima dcada, quando foram registrados oito dos anos mais secos da srie histrica iniciada em 1985. No perodo, apenas em 2022 houve recuperao da superfcie de gua, quando atingiu 18,8 milhes de hectares.

Segundo o pesquisador Juliano Schirmbeck, coordenador tcnico do MapBiomas gua, o Brasil o brasil est mais seco por causa da dinmica de ocupao e uso da terra associada aos eventos climticos extremos.

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“Esses dados servem como um alerta sobre a necessidade de estratgias adaptativas de gesto hdrica e polticas pblicas que revertam essa tendncia”, diz.

Em 2024, a Amaznia registrou 10,9 milhes de hectares de superfcie de gua, representando 61% do total no Brasil. A Mata Atlntica registrou 2,2 milhes de hectares ou 13% do total, o Pampa 1,8 milho de hectares, ou 10% do total, o Cerrado tem 1,6 milho de hectares ou 9% do total e a Caatinga tem 981 mil hectares ou 5% do total.

O Pantanal registrou, em 2024, 366 mil hectares de superfcie de gua, representando apenas 2% do total no pas. O bioma teve uma reduo de 4,1% em relao ao ano anterior, e foi o mais afetado pela reduo desde 1985, com uma perda de 61% da extenso ao longo desses anos.

“Desde a ltima cheia em 2018, o bioma tem enfrentado o aumento de perodos de seca e, em 2024, a seca extrema aumentou a incidncia e propagao de incndios”, explica o pesquisador Eduardo Rosa, da equipe do MapBiomas gua.

A seca extrema vivida na Amaznia em 2024 tambm impactou as superfcies de gua no bioma, promovendo uma reduo de 1,1 milho de hectares em relao a 2023 e de 4,5 milhes de hectares em relao a 2022.

No ano ado, quase dois teros (63%) das 47 sub-bacias hidrogrficas registraram perda de superfcie de gua em relao mdia histrica. Sub-bacias do Rio Negro j perderam mais de 50 mil hectares na mdia histrica.

"Foram dois anos consecutivos de secas extremas na Amaznia, sendo que, em 2024, a seca chegou mais cedo e afetou bacias que no foram fortemente atingidas em 2023, como a do Tapajs”, destaca o pesquisador da MapBiomas Carlos Souza Jr.

Em relao a 2023, o bioma Pampa permaneceu praticamente estvel, com um ganho de cerca de 100 mil hectares de rea coberta por gua, ficando ainda 0,3% abaixo de sua mdia histrica.

Segundo Juliano Schirmbeck, isso ocorre devido aos extremos climticos, que so apontados como a principal consequncia das mudanas causadas pelo aquecimento do planeta.

“O Pampa teve um incio de ano com estiagens, sendo o ms de maro o ms mais seco do ano. No ms seguinte, em maio, ocorreu a cheia extrema, atingindo a maior superfcie mensal dos 40 anos da srie histrica”, explica.

Ao longo do ano ado, Caatinga, Cerrado e Mata Atlntica se mantiveram acima da mdia histrica, com destaque para a Caatinga, que terminou o ano com seis mil hectares a mais que em 2023 e a maior rea coberta por gua nos ltimos 10 anos.

Bras

Foto:Arquivo/Thomas Bauer/ SOS Mata Atlntica

Segundo o pesquisador Digo Costa, da equipe Caatinga do MapBiomas, esse resultado indica a consolidao de um ciclo de cheias para o bioma iniciado em 2018, mas preciso ficar alerta. “Apesar desse cenrio favorvel, persistem reas com secas recorrentes, especialmente ao longo da bacia do So Francisco e na regio do Serid Nordestino — territrios particularmente vulnerveis desertificao.”, ressalta.

Um fenmeno foi observado no bioma Cerrado, que ou por uma substituio de corpos hdricos naturais, como rios e lagos, por superfcies de gua artificiais como represas e reservatrios. Ao longo dos 40 anos de srie histrica, as regies onde o bioma ocorre tiveram as superfcies de gua naturais reduzidas de 62% para 40% em 2024. J as superfcies artificiais subiram de 37% para 60% no ano ado. Com isso, as reas ocupadas por gua no bioma permaneceram inalteradas no ltimo ano.

De forma geral, no Brasil, houve um crescimento histrico de superfcie de gua artificial, com um acrscimo de 1,5 milho de hectares ao longo da srie histrica. Entre os biomas que mais concentram reservatrios e represas esto a Mata Atlntica (33%) e Cerrado (24%).

Embora ainda respondam por 77% da rea coberta por gua no pas, os corpos de gua naturais foram reduzidos em 15% nesses 40 anos.


Na avaliao de Schirmbeck, o aumento da superfcie de gua no Cerrado, Caatinga e Mata Atlntica derivam do crescimento da gua armazenada em hidreltricas e outros tipos de reservatrios.

Fonte :Agncia Brasil

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Enquanto diplomatas discutem solues para o futuro, milhes de brasileiros j sofrem com a falta d’gua. O colapso dos rios amaznicos no uma previso – ele est acontecendo


  • IDS - Instituto Democracia e Sustentabilidade 6q2n66

    Instituto Democracia e Sustentabilidade

  • Vitor Hugo Souza Moraes 1ww5p

    Assessor do Projeto Jusamaznia do IDS

Em novembro de 2025, Belm, no corao da Amaznia, receber a 30 Conferncia das Naes Unidas sobre Mudana do Clima (COP 30). Para o Brasil, essa ser uma oportunidade de se colocar no centro das discusses climticas globais, sediando o evento justamente na regio mais simblica para a crise ambiental. Pela primeira vez, lderes mundiais, cientistas, ativistas e comunidades locais estaro reunidos dentro da floresta para debater os caminhos da poltica climtica internacional. Mas h um paradoxo difcil de ignorar: enquanto o pas se prepara para receber uma das conferncias mais importantes sobre o futuro do clima, a Amaznia seca, queima e agoniza. O estado que sediar o evento j sente os impactos severos da crise hdrica e climtica.

A destruio da floresta no s um problema ambiental – uma questo de sobrevivncia. A Amaznia regula o regime de chuvas em boa parte da Amrica do Sul, garantindo umidade para lavouras, abastecendo rios que sustentam milhes de pessoas e estabilizando o clima em um dos pases mais biodiversos do mundo. Quando rvores so derrubadas, o ciclo hidrolgico entra em colapso: menos evaporao, menos chuvas, mais secas e eventos extremos. O impacto j sentido: secas prolongadas, enchentes severas e crises de abastecimento de gua se tornaram parte da nova realidade.

Apesar de os dados de desmatamento na Amaznia terem reduzido no ano ado, o Par, anfitrio da COP 30, lidera h 9 anos os ndices de desmatamento e degradao da floresta. De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amaznia (Imazon), em 2024, o estado registrou 1.260 km de floresta destruda, um aumento de 3% em relao ao ano anterior, mantendo-se no topo da lista dos que mais desmatam a Amaznia. A degradao florestal, que antecede o desmatamento total, cresceu 421% no mesmo perodo, reduzindo drasticamente os nveis dos rios que abastecem milhes de pessoas. Sem floresta, no h umidade suficiente para manter as chuvas, e sem chuvas, a seca se espalha. As consequncias so falta de gua, colheitas comprometidas e energia hidreltrica em risco.

E no s o Brasil que sente esse impacto. Com menos floresta, os “rios voadores” – correntes de ar que transportam umidade da Amaznia para outras regies – perdem fora, ocasionando estiagens mais severas, quebra de safras e impactos diretos no abastecimento hdrico e na economia. Em 2023, o Rio Negro enfrentou a pior seca em 120 anos, enquanto estados como Mato Grosso e So Paulo registraram estiagens prolongadas que prejudicaram lavouras e o abastecimento de gua. Como se no bastasse, as queimadas transformaram esses rios de umidade em “corredores de fumaa”, espalhando partculas txicas para diversas regies do pas.

Alm do desmatamento, o fenmeno El Nio intensificou as secas, reduzindo ainda mais os nveis dos rios e deixando comunidades inteiras isoladas, sem o gua potvel e alimentos. Em 2023, a combinao de El Nio com a degradao ambiental provocou uma das piores secas j registradas na Amaznia, comprometendo a subsistncia de milhares de pessoas.

Se o desmatamento atingir entre 20% e 25% da floresta, cientistas alertam que a Amaznia pode perder sua capacidade de regenerao, transformando-se em uma savana degradada. Isso significaria o fim no s da biodiversidade, mas tambm de um ecossistema essencial para a regulao climtica global.

Vale destacar que os povos indgenas e ribeirinhos, que h sculos protegem a floresta, hoje so os que mais sofrem com a destruio da Amaznia. A seca de 2023, a mais severa em 121 anos, secou rios, inviabilizou a pesca e comprometeu a agricultura de subsistncia. Parece absurdo que uma regio que concentra 81% da gua doce do Brasil tenha 60% de sua populao sem o gua potvel. Como se no bastasse, a crise hdrica aprofundou desigualdades sociais: escolas foram fechadas, postos de sade ficaram inveis e as poucas alternativas econmicas se esgotaram, aprofundando desigualdades histricas. Se a COP 30 pretende deixar um legado real, precisa garantir medidas concretas para fortalecer a resilincia dessas populaes, protegendo seus territrios e assegurando soberania alimentar e adaptao climtica efetiva.

Belm ser o epicentro do debate climtico mundial da COP 30 enquanto enfrenta uma de suas piores crises hdricas. Enquanto diplomatas discutem solues para o futuro, milhes de brasileiros j sofrem com a falta d’gua. O colapso dos rios amaznicos no uma previso para o futuro – ele est acontecendo agora.

Se queremos um legado real, precisamos de medidas concretas e urgentes: ampliar a fiscalizao, combater o desmatamento ilegal, proteger os territrios indgenas, restaurar reas degradadas e implementar um plano de segurana hdrica para o Norte do pas. O Brasil tem ferramentas subutilizadas que podem ajudar nessa transformao, como o embargo remoto, a jurimetria para anlise de responsabilizaes, a validao de Cadastros Ambientais Rurais e o fortalecimento do Acordo de Escaz. Dados de recentes estudos da Plataforma JusAmaznia tambm apontam para a necessidade de aprimoramento do Sistema de Justia na defesa do meio ambiente amaznico, especialmente em Aes Civis Pblicas sobre desmatamentos ilegais e processos em defesa de territrios tradicionais, responsveis por proteger boa parte das nascentes e vegetao nativa do bioma. A crise climtica e hdrica j chegaram, e seus impactos sero irreversveis se o pas falhar em assumir sua responsabilidade.

A COP 30 precisa ser um marco na defesa das guas da Amaznia. O Brasil no pode tratar a floresta apenas como um triunfo diplomtico enquanto a crise hdrica se agrava diante dos olhos do mundo. A Amaznia, que sempre abasteceu os rios voadores e regulou o clima de todo o continente, sofre com secas histricas, deixando cidades sem gua, lavouras sem colheita e comunidades inteiras sem meios de subsistncia. Sem gua, no h floresta. Sem floresta, no h chuva. Sem chuva, a Amaznia entra em colapso – e com ela, todo o Brasil. A floresta precisa ser um modelo de desenvolvimento sustentvel, onde a floresta em p represente no apenas biodiversidade, mas tambm qualidade de vida, soberania alimentar e justia climtica. Com a contagem regressiva iniciada, a pergunta que fica : conseguiremos agir antes que a ltima chuva caia?

As opinies e informaes publicadas nas sees de colunas e anlises so de responsabilidade de seus autores e no necessariamente representam a opinio do site ((o))eco. Buscamos nestes espaos garantir um debate diverso e frutfero sobre conservao ambiental.

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A iniciativa poder pagar o equivalente a mais de R$ 700 bilhes pela manuteno e restaurao de vegetao nativa

Aldem Bourscheit
Salada Verde
Sua poro fresquinha de informaes sobre o meio ambiente

Reunidos em Londres em meados deste ms, representantes do Brasil, Colmbia, Frana, Alemanha, Gana, Indonsia, Malsia, Noruega e Reino Unido, ongs e Banco Mundial avanaram no desenho do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, sigla em Ingls).

Apresentada na 28 Conferncia das Partes (COP28) da Conveno sobre Mudana do Clima, a proposta multinacional espera que o Fundo angarie o hoje equivalente a mais de R$ 700 bilhes, de doaes e de governos.

O dinheiro dever pagar os pases por cada hectare de floresta tropical mantido ou restaurado.

Na reunio em Londres, organizada pelas Naes Unidas, foram debatidos pontos como os critrios ambientais para os rees dos recursos, arranjos financeiros e governana do Fundo.

“O TFFF, que ser complementar a mecanismos como o REDD+ e mercados de carbono, ser lanado para a COP30, que o Brasil sediar em Belm, no Par, em novembro”, disse em sua Rede Social a Secretria Nacional de Mudana do Clima, Ana Toni, do Ministrio do Meio Ambiente e Mudana do Clima (MMA).

Como ((o))eco mostrou em sua cobertura da 16a Conferncia das Partes (COP16) da Conveno da Diversidade Biolgica, na Colmbia, em novembro ado, o montante atualmente projetado para o TFFF metade do proposto pelo Brasil na COP28 do Clima.

  • Aldem Bourscheit h6w1w

    Jornalista cobrindo h mais de duas dcadas temas como Conservao da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Cincia, Agron...

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Brasil : Nasa atualiza possibilidade de asteroide colidir com a Terra
Enviado por alexandre em 21/03/2025 00:23:04

Asteroide 2024YR4 foi detectado em dezembro do ano ado

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(Imagem ilustrativa) Foto: Pixabay

A Agncia Espacial Americana, a Nasa, atualizou as probabilidades de o asteroide 2024YR4 colidir com a Terra em 2032. De acordo com o ltimo clculo, a chance de coliso era de 3,1% e, agora, praticamente zero. Detectada em dezembro do ano ado, a rocha est a 80 milhes de quilmetros de distncia do nosso planeta e viaja pelo espao a uma velocidade de 48 mil quilmetros por hora.

Os cientistas da agncia espacial estimam que o asteroide tenha 55 metros (o tamanho de um prdio de 18 andares). Com essas dimenses e viajando a tamanha velocidade, a rocha poderia facilmente destruir completamente uma grande cidade em caso de coliso com o planeta.

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Na entrada na atmosfera, a rocha explodiria, liberando cerca de 8 megatons de energia – 500 vezes mais do que a da bomba atmica que destruiu Hiroshima, no Japo, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945. As novas medies, entretanto, colocam a chance de coliso em 0,000019%, ou de 1 em 5 milhes.

*AE

Brasil : Pobres ocupam reas de risco porque no tem opo, diz ministro do STJ
Enviado por alexandre em 20/03/2025 15:19:35

De acordo com Herman, a garantia do direito moradia responsabilidade do Poder Pblico e os tribunais de contas devem acompanhar as polticas pblicas com essa finalidade r6u47

Ministro Herman Benjamin, presidente do STJ, participa de evento em Manaus. Foto: Felipe Campinas/AM ATUAL

Por Felipe Campinas, do ATUAL

“So os pobres que sofrem os impactos negativos mais graves, com mortes, da degradao humana”, disse o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justia), Herman Benjamin, nesta quinta-feira (10), em Manaus, ao ser questionado sobre tragdia envolvendo ocupaes em reas de risco e sobre a atuao do Poder Judicirio na garantia do direito moradia.

“Os mapas dos perigos urbanos esto a. E as cidades que no tem, tem que ter. Onde esto os pobres? Os pobres esto ocupando as reas de preservao permanente porque no tem opo”, disse o ministro, que alertou sobre o racismo ambiental, que o processo de discriminao e injustias sociais que populaes compostas por minorias tnicas sofrem, devido degradao ambiental e em decorrncia das mudanas climticas.

Herman est na capital amazonense para proferir palestra na abertura do ano letivo da Escola de Contas Pblicas do TCE-AM (Tribunal de Contas do Amazonas). O evento tambm ter a participao do ministro do TCU (Tribunal de Contas da Unio) Benjamin Zymler.

A visita dos ministros a Manaus ocorre um dia aps nova tragdia em rea de risco na capital amazonense. Seis pessoas foram soterradas durante a forte chuva registrada na tarde de quarta-feira (19) na comunidade Fazendinha 2, localizada entre os bairros Nova Cidade e Cidade de Deus, na zona norte de Manaus.

“Questo urbana um problema no Brasil como um todo”, disse o ministro ao relembrar de tragdias no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

“Hoje ns falamos em racismo ambiental. Racismo ambiental em uma perspectiva mais ampla, no s sobre os afrodescendentes e os povos indgenas. contra o pobre”, afirmou Herman. “So os pobres que sofrem os impactos negativos mais graves, com mortes, da degradao humana”, completou o ministro.

De acordo com Herman, a garantia do direito moradia responsabilidade do Poder Pblico e os tribunais de contas devem acompanhar as polticas pblicas com essa finalidade.

“ responsabilidade evidentemente do poder pblico e acho que os tribunais de contas – vamos ouvir certamente o ministro Benjamin Zymler, que um farol no Tribunal de Contas da Unio – que os tribunais de contas esto atentos a isso”, disse Herman.

“Os mapas dos perigos urbanos esto a. E as cidades que no tem tem que ter. Onde esto os pobres? Os pobres esto ocupando as reas de preservao permanente porque no tem opo”, completou o ministro.

“Muitas vezes ns vemos cidades com projetos babilnicos, investimentos carssimos para proteger apenas a elite, mas ns temos que pensar nos pobres”, criticou Herman.

Antes de ser questionado sobre a tragdia, o ministro afirmou que o TCE-AM foi o primeiro a realizar atividades voltadas a questo ambiental.

“No que se refere a atuao dos tribunais de contas na questo ambiental, no seu sentido mais amplo, humano e da natureza, o Tribunal de Contas do Amazonas foi o pioneiro no Brasil”, disse Herman. “Eu participei das primeiras atividades ainda na gesto do nosso conselheiro Jlio Pinheiro, tratando especificamente da questo do saneamento, do lixo, que ns sabemos que um problema serssimo, at mesmo nas regies mais ricas do pas”, completou.

“Quando um tribunal de contas atua nessas reas – os juzes no gostam que eu diga isso, mas vou falar assim mesmo – mais importante do que a atuao do Poder Judicirio, porque uma atuao de preveno”, afirmou Herman.

“Ns, juzes, atuamos muitas vezes o desastre est feito, desastre irrecupervel, mas a voz do Tribunal de Contas tem impacto no sentido de prevenir”, completou.

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