Urgente : Consumidor deve ficar atento ao aspecto da carne, dizem especialistas
Enviado por alexandre em 21/03/2017 18:53:22


O cuidado com a temperatura na conservao de alimentos frescos e perecveis como a carne a principal dica de especialistas para os consumidores aps a deflagrao da Operao Carne Fraca, pela Polcia Federal, na ltima sexta-feira (17). Doutor em Tecnologia de Alimentos, o professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp,(Universidade de Campinas), Srgio Pflanzer, afirma que os conservantes utilizados pelas indstrias da carne, mencionados nos relatrios da Polcia Federal, so autorizados pelas autoridades sanitrias brasileiras e no so capazes de modificar a essncia dos produtos.

Apesar de sugerir recomendaes aos consumidores sobre o aspecto dos alimentos, a Proteste - Associao de Consumidores - adotou uma posio mais rigorosa: orienta os cidados a no comprarem produtos das empresas envolvidas nas irregularidades. A operao da Polcia Federal bloqueou R$ 1 bilho de empresas suspeitas de subornar fiscais para que carnes vencidas fossem reembaladas e liberadas para comercializao.

Algumas das maiores empresas do ramo alimentcio do pas esto na mira das investigaes, entre as quais a JBS, dona do Big Frango e Seara, e a BRF, detentora das marcas Sadia e Perdigo.

“Foi falado em alguns momentos que a indstria maquiava a carne para comercializar. Essa uma interpretao errada, no meu entendimento. Com as substncias aprovadas, isso no possvel. Voc no consegue utilizar [aditivos] para mascarar uma carne deteriorada. Visualmente, quando voc adiciona algum produto, a carne fica pior do que estava antes”, explicou o professor Srgio Pflanzer, mencionando conservantes como nitrito, fosfato e os cidos srbico e ascrbico [vitamina C]. “Nenhuma dessas substncias aprovadas consegue mascarar uma carne fresca deteriorada”, afirma.

Anvisa

A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa), segundo o especialista, aprova a utilizao dos produtos, a maioria com um limite mximo permitido. “Se eu usar em excesso, o produto vai ficar caro, porque os ingredientes so caros, e vo desenvolver caractersticas indesejveis ao produto. Se eu colocar demais, por exemplo, o cido ascrbico, que foi falado muito nos ltimos dias, a percepo sensorial vai ficar comprometida. O consumidor estar seguro, ela no causa mal, mas ningum vai conseguir consumir o produto, ento a indstria no vai fazer isso”, argumenta.

J a temperatura, de acordo com Srgio, precisa de um “controle rigoroso”, tanto na aquisio por frigorficos como no armazenamento em supermercados e aougues. O professor alerta, contudo, para a importncia dos fiscais agropecurios ao analisar as caractersticas de refrigerao e de validade da carne.

“Cabe fiscalizao liberar ou no. No porque chegou um carregamento que deveria estar armazenado a 7C e estava a 8C [que obrigatoriamente deve ser descartado]. Existem outros dados que indicam que a carne no pode ser comercializada, como a cor e o aroma”, avalia. No caso de alguma carne vencida, Srgio explica que o congelamento inibe o crescimento de bactrias, o que pode manter a segurana do alimento.

“Ela deveria tambm ser descartada, mas se for utilizada, no vai oferecer risco. Na maioria dos casos, eles no so autorizados. Mas dependendo da condio, o fiscal pode liberar. Cabe a ele avaliar lote a lote, pea por pea, se podem ser utilizados”, sugeriu.

No recomendado

Segundo Sonia Amaro, advogada e representante da Proteste, o posicionamento da entidade que os consumidores deixem de comprar carnes que tm como origem os frigorficos alvo da operao. Ela explica que a orientao tem como objetivo evitar malefcios sade dos consumidores, que, como leigos no assunto, no tm condies de garantir a qualidade dos produtos.

“Com tudo que foi divulgado nessa operao, o nosso posicionamento, diante da gravidade do assunto, dizer para o consumidor: no compre produtos dessas empresas. O consumidor, que a parte vulnervel, no pode ter a certeza de que a carne no vai fazer mal sua sade. Como ele vai se proteger? No tem como. Por isso, a Proteste adotou essa postura”, disse Sonia.

Cuidados

Apesar da contraindicao, Sonia e o professor de Qualidade de Carne do dicas gerais para o consumidor ficar atento na hora de ir ao supermercado. Para as peas vendidas em bandejas de isopor e embaladas com plstico, a ateno cor e ao aroma so as principais orientaes. Em geral, alertam os especialistas, o prazo de conservao aceitvel desse tipo de alimentos em refrigeradores de no mximo trs dias.

“Como entidades de proteo ao consumidor, ns sempre recomendamos que seja observada minimamente a higiene do local. Checar se os funcionrios que esto em contato com alimento usam luvas e toucas. Em segundo lugar, o aspecto do produto, verificar se a embalagem no est violada, e o cheiro do alimento”, aconselha Sonia Amaro.

A representante do Proteste sugere tambm que os consumidores analisem se no h gua escorrendo dos refrigeradores, porque isso pode ser um sinal de que foram desligados noite. A preferncia por carnes que possuem embalagens originais tambm recomendada, pois nelas possvel saber a origem do produto e se ele possui selo do Servio de Inspeo Federal (SIF).

“Essa a maior garantia de que a carne foi inspecionada. Vamos imaginar que, quase na totalidade, o sistema funciona muito bem, salvo algumas excees que a Polcia Federal mostrou que existem falhas de fiscalizao. So pontuais, mas existem. Ento, a gente parte do princpio de que o servio de inspeo federal o melhor. Depois, a gente tem o estadual, o municipal, que sou honesto em dizer que nem sempre funciona da mesma maneira”, finaliza o professor.

Agncia Brasil

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