.jpg) O general da reserva Rmulo Bini Pereira, ex-chefe do Estado Maior do ministrio da Defesa, itiu a interveno militar como sada para a crise poltica que envolve os trs Poderes da Republica.
Em artigo publicado na ltima quinta-feira (15) no jornal O Estado de S. Paulo, o militar escreve: “Se o clamor popular alcanar relevncia, as Foras Armadas podero ser chamadas a intervir, inclusive em defesa do Estado e das instituies”.
Um dos mais influentes militares das geraes que atuaram durante a ditadura militar, o general faz uma anlise da situao poltica brasileira, critica o Congresso Nacional e at o governo. Segundo ele, a elite poltica empurra o Brasil para o brejo.
Sob o ttulo de “Alertar Preciso 2”, o artigo do general diz que as Foras Armadas sero a “ltima trincheira defensiva desta temvel e indesejvel ida para o brejo”. E conclui: “No apologia ou invencionice. Por isso, repito: alertar preciso”.
No longo artigo, o general faz uma anlise da situao poltica no Brasil e no Mundo. Critica o Congresso por ter acrescentado punies ao Judicirio entra as medidas de combate corrupo propostas pelo Ministrio Pblico.
Sem citar o nome, lembra que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ru por peculato e afrontou uma deciso de um ministro do Supremo que determinou seu afastamento do cargo, por estar na linha sucessria presidencial. Tambm citou “um grande nmero de parlamentares envolvidos em processos judiciais”.
Sobre o Judicirio, o general diz que a sociedade ainda confia nos juzes de primeira instncia, mas coloca em dvida a atuao dos tribunais superiores.
“Nas instncias superiores o quadro diferente”, escreveu. Aproveitou para criticar o foro privilegiado, direito das autoridades de serem julgadas exclusivamente pelo STF – o que, segundo ele, acarreta sobrecarga e morosidade nos processos julgados pelo Supremo. Diz que o Judicirio est contaminado pela poltica partidria.
General Bini considera ainda que o pas enfrenta uma “desgraa sem precedentes” e tenta profetizar: “ nesse cenrio de ‘desgraas’ que as instituies maiores e seus integrantes devero ter a noo, a conscincia e a sensibilidade de que o pas poder ingressar numa situao de ingovernabilidade, que no atender mais aos anseios e s expectativas da sociedade, tornando inexequvel o regime democrtico vigente”. E insinua: “ um caso, portanto, a se pensar”.
Apologia ‘ilegal’
Para o psiquiatra Paulo Sampaio, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais — organizao que defende os direitos humanos formada por ex-guerrilheiros que lutaram contra o regime militar e por familiares e amigos dos mortos, desaparecidos e torturados polticos durante o perodo –, os artigos do General so um desrespeito aos que participaram dessa resistncia.
“Acho um absurdo a imprensa que j auxiliou na poca da ditadura voltar a fazer isso sem o menor sentimento de pudor, sem respeitar a dor dos outros. Muitos morreram, muitos foram torturados. como se ns no fossemos gente, todas as mulheres que foram presas, torturadas e abusadas. A direita nunca aceitou a tentativa de retorno democracia”, denunciou.
Na opinio do advogado Lcio Frana, o simples posicionamento de um militar por uma nova interveno ilegal. “Isso totalmente inconstitucional, um golpe. Eles no podem defender a interveno militar em um Estado Democrtico de Direito, porque estariam repetindo o que foi feito em 1964”, disse.
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