.jpg) Josias de Souza
O juiz Srgio Moro, responsvel pela Operao Lava Jato, recolocou em movimento os processos que envolvem Lula. Em despacho assinado nesta sexta-feira, Moro determinou que sejam juntadas aos autos as interceptaes telefnicas que captaram dilogos do ex-presidente. A fora-tarefa de Curitiba j prepara as denncias que sero protocoladas contra Lula. No so negligenciveis as chances de condenao.
Em seu despacho, Moro excluiu apenas o grampo que foi anulado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF. Trata-se daquela clebre conversa em que Dilma Rousseff, ainda instalada no Planalto, foi pilhada informando a Lula que enviria um portador —“o Bessias”— com o seu termo de posse na chefia da Casa Civil. Como o dilogo foi captado depois que Moro j havia determinado o encerramento da interceptao, Teori considerou a gavao ilegal.
A divulgao dos grampos havia paralisado as investigaes contra Lula. provocado pela defesa do ex-presidente, Teori requisitara o envio dos processos de Curitiba para Braslia. H 11 dias, o ministro mandou devolver a Moro a maioria dos procedimentos sobre Lula. So 16 no total.
Entre eles os inquritos que tratam dos favores monetrios prestados a Lula pela Odebrecht e pela OAS em dois imveis que o morubixaba do PT diz no possuir —o stio de Atibaia e o triplex do Guaruj— e no aluguel de contineres para guardar os presentes recebidos por Lula durante o seu governo.
Formou-se entre os procuradores da Lava Jato um consenso quanto necessidade de denunciar Lula por esses fatos. Ele deve ser acusado da prtica de pelo menos dois crimes: corrupo iva e lavagem de dinheiro.
Tambm nesta sexta-feira, o ministro Teori Zavascki enviou Justia Federal de Braslia o processo em que a Procuradoria-Geral da Repblica denunciou Lula como mandante da compra do silncio do delator Nestor Cerver por R$ 250 mil.
O caso estava no STF porque envolve Delcdio Amaral, que era senador e dispunha de foro privilegiado. Com a cassao de Delcdio, o procurador-geral Rodrigo Janot pediu que o processo fosse remetido para Srgio Moro. No entanto, Teori preferiu envi-lo pra a primeira instncia de Braslia.
Desemprego e violncia
Carlos Chagas
No interior, na periferia e no centro das cidades, a violncia multiplica-se em progresso geomtrica. Os meios para combat-la sequer crescem em progresso aritmtica. Importa menos se as polcias esto desaparelhadas ou se o desemprego crescente aumentou o nmero de marginais. A verdade que o cidado comum asila-se cada vez mais na prpria casa. Quando dispe de uma casa, claro.
Dos 12 milhes de desempregados que as estatsticas indicam, mas na verdade atingem o dobro, quantos podem manter o sentimento de que vo mudar de vida? Esse o principal obstculo para o pas recuperar-se. A esperana parece cada vez mais remota.
Por conta disso a violncia progride. Prevendo que permanecer sem trabalho, pressionado pelas necessidades primrias da famlia, indignado em apelar para a caridade pblica, quantos resistem em tomar pela fora o que lhes negado pela falta de trabalho? Trata-se de um estmulo, alm de parecer mais cmodo, exigindo menos esforo apesar de maior risco.
Entra em campo o sistema de contrapesos. As autoridades encarregadas de manter a ordem sentem-se diminudas e impotentes. Tambm apelam para a violncia.
O resultado o aumento da insegurana. Com a multiplicao dos assaltos, roubos, sequestros, estupros e assassinatos, chega-se ao crime organizado. Bandos transformam-se em quadrilhas. Do outro lado, a reao atirar primeiro para perguntar depois.
Acresce que a moda pega. Violncia chama violncia. Tudo em funo do desemprego crescente, causa primeira da situao em que vivemos.
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