Urgente : O desespero bate na campanha do PT
Enviado por alexandre em 22/09/2014 23:18:25


Imagem: Reproduo / Isto
A eventual reeleio de Dilma Rousseff para a Presidncia marcaria um recorde na histria da Repblica: nunca um partido poltico ter ficado por tanto tempo no poder. Nem mesmo os 21 anos da ditadura militar, com suas divises internas e troca de grupos de comando, podem ser vistos com um perodo de direo partidria nica, como seriam os 16 anos da era petista.

O estilo da ao e a longevidade do PT no Palcio do Planalto claramente j deixaram marcas na mquina istrativa e poltica do governo. Ao longo de 12 anos, o nmero de cargos de confiana, por exemplo, saltou de 17 mil para 22 mil. Este universo de servidores, frequentemente nomeados por critrios polticos, criou uma estrutura de petistas aguerridos e abnegados, cujos salrios e encargos fiscais consomem mais de R$ 200 bilhes por ano. Isso no coisa para se desleixar. O risco de no ganhar as eleies j deixa esses servidores-militantes em desespero. A perda de poder em Braslia – ou, v l, da chance de praticarem seus ideais – assusta tanto quanto a perda dos cargos comissionados e a perspectiva de terem de a retornar a seus estados de origem para buscarem novos empregos. Hoje, os DAS (cargos de Direo e Assessoramento Superior) podem ar de R$ 20 mil mensais.

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Este clima de tenso entre os servidores-militantes contaminou a campanha eleitoral e pode explicar boa parte do tom da propaganda petista, que ou a adotar o jogo bruto, com ataques exagerados aos adversrios e alguma falta de discernimento entre o pblico e o privado. No incio do ms, uma reunio na sede do partido, em So Paulo, se transformou em uma acalorada discusso sobre a participao mais efetiva dos funcionrios pblicos na eleio. No encontro, lderes do PT cobraram mais empenho de servidores comissionados e os exortaram a ir s ruas em favor da reeleio de Dilma Rousseff. O recado estava implcito. Quem no se mexer, tem o emprego ameaado. Assim, o PT tem organizado caminhadas pelo Pas, a exemplo da que ocorreu em Braslia no ltimo dia 13, em que grande parte dos cerca de quatro mil participantes era de funcionrios pblicos. Atos em prol da candidata do PT, como a reunio com artistas brasileiros, no ltimo dia 15, viraram palcos quase exclusivos de ataques a adversrios. Dilma aproveitou a oportunidade para, em tom agressivo, repetir diversas vezes que as propostas de Marina Silva, candidata do PSB, apresentariam riscos ao Pas. No mesmo dia, o exrcito de internautas petistas divulgava nas redes sociais crticas da classe artstica segunda colocada nas pesquisas.

Na semana ada, uma manifestao de homenagem a Petrobras capitaneada pelo ex-presidente Lula ilustrou bem o atual momento da campanha. Suado e descabelado, Lula esbravejou ao pedir apoio dos militantes. Disse que preciso proteger a estatal contra Marina Silva, afirmando que ela no conhece e no d importncia s riquezas do pr-sal. Antes do evento, em uma reunio rpida com o lder do Movimento dos Sem Terra, Jos Pedro Stdile, Lula conclamou o antigo aliado a se engajar na campanha. A resposta veio rpida. Em entrevista, na segunda-feira 15, Stdile prometeu realizar invases e fazer protestos dirios, caso Marina vena a eleio. No comit da candidata do PSB, a ameaa virou piada. “Entendo o temor deles, que vo ficar sem empregos”, respondeu o coordenador do comit financeiro do PSB, Mrcio Frana.

Mas o comportamento da campanha de Dilma est longe de ser uma distrao eleitoral. De olho num embate no segundo turno das eleies, os petistas voltaram a jogar pesado no horrio eleitoral gratuito. Na TV, um locutor apareceu dizendo que, se eleita, Marina Silva vai tirar R$ 1,3 trilho da Educao e extinguir o pr-sal. A pea publicitria foi exibida dias depois do polmico vdeo que mostrava uma famlia com a comida saindo no prato, como conseqncia da proposta de autonomia do Banco Central apresentada por Marina. Diante dos ataques, a candidata do PSB entrou com trs representaes no TSE contra a veiculao das propagandas do PT. No documento, argumentou que sua imagem fora duramente atingida pela candidata adversria, que teria apresentado um dado fraudulento com o propsito de incutir o medo nos eleitores. O mrito ainda no foi julgado, mas conta com o parecer favorvel do procurador-geral da Repblica, Rodrigo Janot, que viu inteno deliberada dos petistas de criarem “artificialmente, na opinio pblica, estados mentais, emocionais ou ionais”, o que vedado por lei. Para ironizar tambm o candidato do PSDB, Acio Neves, que tem dito que o sonho dos brasileiros morar no Pas retratado pela propaganda ilusria de Dilma, os petistas levaram ao ar um personagem denominado Pessimildo, um boneco rabugento que faz troa dos crticos do governo e foi inspirado em figuras conhecidas da televiso com o objetivo de satirizar todas as crticas feitas petista. A principal linha do discurso do personagem responder ponto a ponto os programas eleitorais dos adversrios.


Enquanto a campanha do PT foca-se no ataque pessoal aos adversrios, crises internas afetam a prpria candidata do partido. No final da ltima semana, a presidenta Dilma pediu a suspenso da divulgao de seu programa de governo aps ime com alas do PT que defendem idias contrrias posio do Planalto. A inteno inicial dos petistas era a de incluir no texto propostas com grande apelo eleitoral e que pudessem atrair categorias diversas de eleitores, como o fim do fator previdencirio e a reduo da jornada de trabalho. Dilma, entretanto, resiste em defend-las. Apesar de no declarar publicamente, o governo evita h pelo menos quatro anos que a proposta do fim do fator previdencirio seja votada no Congresso. O Planalto enfrenta presso das centrais sindicais, mas nunca se comprometeu com a ideia da reduo da jornada de trabalho. Ao saber por assessores das propostas para trabalho e emprego, Dilma pediu o adiamento da divulgao do programa.

Enquanto a campanha montada pelos marqueteiros adere ao radicalismo e reflete parte do desespero de gente agarrada ao poder, Dilma Rousseff segue tentando transparecer tranquilidade e segurana. Na vantajosa posio de atual presidenta, ela usa o Palcio da Alvorada como comit de campanha sem que a Justia Eleitoral faa sequer uma advertncia. Em uma nica semana, recebeu estudantes, reitores de universidades e concedeu duas entrevistas como candidata sentada na cadeira presidencial. O cenrio alentador para os milhares apadrinhados que tratam a estrutura pblica como se fosse privada do partido e consideram positivo mostrar uma Dilma forte e em posio de superioridade em relao aos demais concorrentes.

Izabelle Torres
Isto
Editado por Folha Poltica
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