Urgente : Candidatura do General Heleno presidncia j tem mais de 5,7 milhes de apoiadores, diz Isto
Enviado por alexandre em 05/03/2014 17:04:10

Imagem: Reproduo/Wikipedia
Reportagem desta semana da Revista Isto aborda a possibilidade de candidatura e o cenrio das articulaes polticas e sociais em torno do General Augusto Heleno. Leia abaixo e deixe sua opinio:
O candidato dos milicos
Movimento surgido na caserna e que j conta com o apoio de mais de cinco milhes de pessoas quer lanar o general Augusto Heleno, chefe da misso brasileira no Haiti, para concorrer presidncia da Repblica
Aos 66 anos, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira um fenmeno que no aparece nas pesquisas de inteno de voto nem frequenta as anlises polticas convencionais. Na internet, porm, sua eventual candidatura Presidncia da Repblica tem feito sucesso.
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Imagem: Joedson Alves/Agncia Estado
Conforme dirigentes de 68 associaes de militares da reserva, que costumam refletir o pensamento de boa parte da caserna, o movimento “general Heleno presidente” alcanou nas ltimas semanas o apoio de 5,7 milhes de eleitores. Uma ordem de grandeza respeitvel em qualquer circunstncia. Apesar desses nmeros, o general Heleno, que foi comandante militar da Amaznia, e tambm esteve frente das tropas da ONU que mantm a ordem no Haiti, construindo uma rara liderana fardada nascida aps a democratizao do Pas, tem tudo para se transformar na principal estrela de um movimento de carter simblico. Oficial da reserva desde maio de 2011, ele teria de ter preenchido alguma ficha de filiao partidria at outubro do ano ado para poder disputar a eleio e at agora no se posicionou sobre isso. Seus aliados no confirmam nenhuma vinculao partidria do general, embora tambm no descartem a possibilidade de este ser um segredo estratgico. O certo que, com o apoio que tem recebido, o general no ser um eleitor qualquer.
O sucesso do general na internet tem explicao. Num universo poltico em que os principais candidatos tm uma postura que ite apenas mudanas de tonalidades cinzentas entre o centro e o centro-esquerda, com receio de descontentar eleitores desconfiados da propaganda eleitoral, o general apresenta um discurso conservador que um bom nmero de eleitores gosta de ouvir. Ele tornou-se uma celebridade instantnea ao dizer que a poltica indigenista do governo Luiz Incio Lula da Silva era “lamentvel, para no dizer catica,” afirmao que lhe custou o comando militar da Amaznia. De l para c, ironizou o “ado ilibado” de Renan Calheiros, criticou a poltica econmica do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e chamou o acordo do Mercosul de um “mero tratado bolivariano”. Heleno j definiu o ex-ministro Jos Dirceu como o “maior colecionador de rabos presos” da Repblica. Aliados e amigos do general afirmam que, ainda que a legislao impea uma candidatura prpria, iro entrar na campanha como parte de um “movimento anti-PT.” O capito Augusto Rosa, um dos mais ativos aliados do general, faz crticas ao programa Bolsa-Famlia que a oposio civil abandonou h muitos anos. “Estamos criando uma gerao de pais vagabundos que no servem de referncia para os filhos.”
O discurso conservador no faz do general Heleno um defensor do golpe militar de 1964, mas aos mais prximos ele gosta de repetir uma afirmao pouco convicta sobre os valores democrticos. “Democracia quando eu mando em voc. Ditadura quando voc manda em mim”, diz, citando uma frase cubana. A boa notcia em torno da liderana do general que, desde a redemocratizao do Pas, a primeira vez que se consolida entre as Foras Armadas um movimento que pretende se valer do voto e das vias democrticas para colocar suas posies. Os militares que se articulam em volta de Heleno pretendem formar o Partido Militar Brasileiro, PMB, que anuncia ter conseguido filiar 490 mil eleitores para obter registro no TSE – se todas as fichas forem regulares, faltaro 80 mil para que possa chegar ao registro definitivo. Por enquanto, a exemplo do que acontece com os simpatizantes da Rede, de Marina Silva, os candidatos que apoiam a criao do PMB esto espalhados por outros partidos ou usando o PRTB como “sigla franqueada” para disputar as eleies de 2014. O deputado comunista Protgenes Queiroz (PCdoB-SP), delegado da Polcia Federal que fez fama na Operao Satiagraha, j assinou sua ficha de apoio e milita pela criao do partido. Atravs de seu site, Protgenes costuma pedir aos eleitores que faam o mesmo. Outro aliado seguro o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que se dedica a organizar o partido no Rio de Janeiro e um nostlgico assumido da ditadura. Longe da poltica, mas famoso no meio militar, o primeiro astronauta brasileiro, o coronel da Aeronutica Marcos Pontes, tambm far parte do diretrio de So Paulo.
O vice-presidente da Associao Brasileira de Estudos de Defesa, Eliezer Rizzo, analisa a emergncia do descontentamento militar como parte do descontentamento geral do funcionalismo com os salrios. No governo Lula, relembra, o Planalto investiu em plano de recuperao salarial do funcionalismo e ganhou a simpatia geral, inclusive dos fardados. Mas essa poltica foi abandonada no governo Dilma, levando a uma reao previsvel nas reparties e na caserna. Para Eliezer Rizzo um movimento dessa natureza faz parte natural dos regimes democrticos. “ prefervel ter um partido pr-militares disputando eleies a ter grupos em atitude de confronto com o sistema democrtico. Grande parte da populao considera a democracia como frgil, corrupta, inoperante, como se um regime forte e antidemocrtico no padecesse de situao similar. Mas o regime democrtico pode perfeitamente incorporar essa iniciativa.”
Os militares esto misturados poltica brasileira desde a Proclamao da Repblica, que foi obra de um golpe militar. Depois de Deodoro e Floriano, os dois primeiros presidentes, o Brasil teve um terceiro general presidente, Eurico Dutra. Alm deles, no ps-guerra surgiram dois candidatos competitivos, ainda que derrotados nas urnas, o brigadeiro Eduardo Gomes e o general Henrique Lott. Uma diferena que esses candidatos nasceram no interior de partidos civis, enquanto o movimento que carrega o general Heleno nasceu no universo militar, em suas famlias e associaes de reservistas. Os militares tm causas que seduzem muitos eleitores, como o combate s cotas raciais e tambm ao casamento entre homossexuais. Sua agenda, no entanto, tem vrios elementos tpicos da caserna.
O Partido Militar Brasileiro denuncia a investigao conduzida pela Comisso da Verdade em torno dos crimes do regime como uma forma de revanchismo. No prximo 31 de maro, data que foi retirada do calendrio das celebraes militares pela presidenta Dilma Rousseff, o general Heleno vai dar uma palestra sobre a deposio de Joo Goulart para um grupo de maons de Braslia. (Josie Jeronimo/Isto)
Marcos Camponi
Folha Poltica
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