De acordo com o estudo, feito com quase 10 mil pessoas, 40% dos brasileiros pedem comida via delivery e 11% fazem de um a dois pedidos por semana. Mas quando analisados apenas os consumidores da gerao Z, com idades entre 15 e 28 anos, esse percentual sobe para 51%.

— Como o o dia inteiro fora de casa, costumo pedir pizza ou hambrguer noite. Durante o dia, tento manter uma alimentao mais saudvel. Essa flexibilidade ajuda a variar minha comida e a lidar com os horrios apertados — afirma Victoy, que tem gastos mensais que variam de R$ 700 a R$ 1 mil.

Recordista de pedidos, o fast-food o item preferido dos consumidores em todas as faixas de idade: desde os menores de 20 anos (49,6%) at as pessoas com mais de 59 anos (31,7%). Em seguida, as categorias favoritas am a ser comida brasileira, lanchonete, pizzaria e carnes.

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A estudante Lorena Bulhes, de 20 anos, conta que escolhe fast-food porque percebe a maior presena desse tipo de restaurante nos aplicativos de delivery.

— Quando estou com fome e abro o app j fico inclinada a escolher algo nesse estilo. Pedir delivery uma forma de variar e satisfazer meus desejos de vez em quando — relata.

Millennials (nascidos de 1984 a 1995) e Zs gostam do delivery por motivos diferentes. De acordo com Marina Roale, gerente de contedo do Grupo Consumoteca, consultoria especializada em direcionamento de negcios na Amrica Latina, apesar de j terem ado dos 30, os nativos digitais, como tambm so chamados, enxergam a compra online como uma maneira de provar pratos diferentes de restaurantes de que gostam. Os mais jovens optam pelo servio por preferir ficar em casa maratonando sries e jogos online com um pequeno grupo de amigos, em vez de virar noites em baladas.

— Os millennials sempre apreciaram experincias gastronmicas como escape da rotina, s que agora do um peso ainda maior para a comodidade. Os Zs valorizam espao de conforto fsico e psicolgico desde novos, e conseguem achar seus espaos de autonomia e individualidade dentro de casa — explica.

O delivery para os consumidores na faixa dos 20 anos tambm um recurso para se jogar nas indulgncias de cupons e descontos. A Ticket apurou, com base nas transaes com o Ticket Restaurante (e os saldos de Restaurante do Ticket Flex e do Ticket Super Flex), o gasto mdio do pblico. De janeiro a maio deste ano, o maior foi registrado nas compras de comida japonesa, R$ 84,80, enquanto o mais baixo foi nos pedidos de pratos mineiros, R$ 49,59 em mdia por refeio.

Apaixonada pela culinria asitica, a carioca Luiza Mendes, de 27 anos, tem o costume de escolher dois dias na semana para pedir essa especialidade. Em um deles, compra uma barca com sushi e sashimi e no outro opta pelo poke, um dos principais pratos da cozinha nativa havaiana, que consiste em misturar peixe cru ou outros tipos de carne cortados em cubos a pores de legumes e arroz. Por ms, Luiza costuma investir cerca de R$ 230.

— Esse gasto de certa forma atrapalha meu oramento. Mas eu no acho vantajoso fazer esse tipo de comida em casa, porque, o que eu mais peo japons. E acho difcil de fazer sozinha — diz.

DISCURSO E PRTICA

Fotos: Reproduo

Pedidos online em supermercados, que poderiam estimular o preparo de refeies em casa, ainda no so populares entre os usurios. De acordo com a pesquisa da Ticket, apenas 15% disseram ter o hbito de recorrer a essa opo, e 3% fazem pedidos todos os meses. Entre os consumidores da gerao Z, a quantidade de pessoas habituadas a compras online nesses estabelecimentos sobe para 17%.

Deixar de lado a preparao caseira dos alimentos reacendeu o debate sobre o valor nutritivo das opes nos apps. Para a diretora do Conselho Federal de Nutrio, Manuela Dolinsky, apesar de a importncia da comida saudvel ser uma pauta crescente entre os mais jovens, o fast-food a primeira opo de compra devido ao preo mais vel.

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— A conscientizao da necessidade de reduzir no cardpio alimentos ultraprocessados impulsionada por informaes facilmente veis. Mas muitos jovens ainda enfrentam dificuldades para encontrar opes saudveis que sejam to baratas e convenientes quanto as de fast- food — analisa.

Fonte: O Globo