
Microrganismos do solo tambm esto ameaados por substituio de florestas por pastagens na Amaznia 9l3k
Data10/11/2023 00:39:27 | Topico:Meio Ambiente
| 142f1e Bactrias, fungos e arqueias que vivem na terra prestam diversos servios ecossistmicos, como a estocagem de metano, mas desmate pode diminuir sua diversidade funcional. j155w Com informaes da Agncia Fapesp Mais conhecida pela biodiversidade de plantas e animais, a Amaznia tambm possui uma grande diversidade de vida microbiana, inclusive no solo. Servios ecossistmicos importantes, como a estocagem do metano que iria para a atmosfera, por exemplo, so feitos por microrganismos que vivem debaixo da terra. A substituio das florestas por pastagens, portanto, tambm uma ameaa a bactrias, fungos e arqueias. Integrar o conhecimento sobre essas formas de vida em esforos de conservao, restaurao e manejo, portanto, torna-se urgente para a compreenso e manuteno da Amaznia. O argumento defendido em artigo publicado na revista Trends in Ecology and Evolution por um time de pesquisadoras da Universidade de So Paulo (USP) e colaboradores de universidades dos Estados Unidos e Reino Unido.
"Os microrganismos tm uma importncia muito grande para manter o macro: no caso, o funcionamento da floresta, o equilbrio entre animais e plantas e os servios ecossistmicos dos rios, entre outros", exemplifica Jlia Brando Gontijo, coautora do trabalho – desenvolvido com bolsa da FAPESP durante seu doutorado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba. Atualmente, Gontijo ps-doutoranda na Universidade da Califrnia, nos Estados Unidos.
Pastagem prxima a rea de floresta nativa no Par. Foto: Laboratrio de Biologia Celular e Molecular/Cena-USP) Um caso bastante estudado pelo grupo o da substituio de microrganismos que consomem metano (portanto, benficos para o equilbrio climtico) por aqueles que emitem o gs, quando a vegetao nativa substituda por pastagens. A criao de gado responsvel por 87% das mudanas de uso do solo na Amaznia.
"Um achado inesperado que tivemos nos ltimos anos foi o de que pastagens tm uma maior diversidade local de bactrias no solo, em comparao s florestas. No entanto, quando se analisa a escala espacial, os microrganismos encontrados no solo dos pastos so sempre os mesmos, enquanto na floresta existe maior variao de um local para o outro. A converso floresta-pastagem, portanto, tem acarretado um processo de homogeneizao das comunidades bacterianas do solo", conta Andressa Monteiro Venturini, primeira autora do estudo, ex-bolsista de ps-doutorado da FAPESP e hoje pesquisadora visitante na Universidade Stanford, nos Estados Unidos.
Uma das causas dessa baixa diversidade espacial das pastagens, explica Venturini, justamente a perda de espcies endmicas de microrganismos, o que pode levar a perda de funes importantes, como o consumo de metano, um gs causador de efeito estufa.
De depsito a fonte 5z2m4h Em trabalhos publicados anteriormente – nas revistas Environmental Research e Science of The Total Environment –, o grupo j havia mostrado que a converso de floresta em pastagem muda o nmero de arqueias produtoras e bactrias consumidoras de metano, assim como o equilbrio entre esses grupos.
Solos florestais tipicamente atuam como depsitos de metano, evitando que o gs suba para a atmosfera. Porm, quando convertidos em pastos, am a abrigar mais espcies produtoras de metano e, consequentemente, emitem mais gases de efeito estufa. Essa mudana de depsito para fonte do gs se intensifica com a remoo da camada superficial do solo e a adio de cal para reduzir a acidez.
"No apenas o uso do solo que importa, mas tambm a forma de manej-lo", explica Tsai Siu Mui, professora do Cena-USP e coordenadora dos estudos. Outro trabalho do seu grupo j havia mostrado como a converso de florestas em pastagens favorece o aumento de bactrias resistentes a antibiticos no solo.
Tanto esses estudos quanto o publicado agora integram um projeto apoiado no mbito de um acordo entre a National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, e a FAPESP, por meio do Programa BIOTA.
Segundo as pesquisadoras, o solo como fonte de gases do efeito estufa pouco discutido nos estudos sobre a participao nacional nas emisses globais. Por isso, podem ser exploradas em novos estudos por meio da combinao de medidas ambientais e moleculares (abundncia de genes relacionados produo e consumo de metano), por exemplo.
O artigo argumenta ainda que, ao analisar dados isotpicos, as vias metablicas da produo de metano no solo poderiam ser identificadas, levando a uma maior compreenso da resposta microbiana mudana do uso do solo. Alm disso, a unio de genmica ambiental com abordagens de bioinformtica, assim como aprendizado de mquina, poderia prever emisses por essa fonte, ajudando a evit-las, sem perder de vista estratgias de restaurao e manejo.
"Os estudos nesse campo podem, inclusive, proporcionar a descoberta de microrganismos favorveis a culturas nativas, como as frutas, que j so cultivadas na regio, mas perdem produtividade com o tempo. A busca por inoculantes resultantes da prpria biodiversidade da regio, por exemplo, seria um dos caminhos para novos estudos que poderiam ajudar a construir uma bioeconomia amaznica", encerra Tsai.
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