Depois de travarem a indstria global em meio falta inesperada de peas durante a pandemia, os semicondutores protagonizam agora, tambm, a grande disputa geopoltica e econmica que comea a emergir: uma corrida liderada por Estados Unidos e China para ver quem vai dominar esta que deve ser a prxima grande fronteira tecnolgica.
Tambm conhecidos como chips, os semicondutores so pequenos pedaos de silcio com milhes de circuitos internos instalados e que, cada vez mais, esto na base de uma sorte enorme de coisas que chegam vida das pessoas: de celulares, carros e lava-louas a grandes data centers e at msseis balsticos intercontinentais.
Conforme a inteligncia artificial avance e ganhe ainda mais protagonismo em nossos equipamentos e nosso dia a dia, o apetite do mundo por esses micropedaos eletrnicos s deve crescer, fazendo deles uma espcie de petrleo do futuro. E as grandes potncias sabem disso.
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“A inteligncia artificial e a internet das coisas so a prxima revoluo industrial, como foi o motor a vapor e, depois, o motor a combusto, e elas no existem sem os microchips e esses supercondutores”, diz o economista Livio Ribeiro, pesquisador associado da Fundao Getulio Vargas (FGV) e especialista em economia chinesa.
Ribeiro compara a disputa a uma espcie de nova guerra fria, em que a polarizao dos EUA migra da antiga Unio Sovitica para a China, e a corrida no mais armamentista, nem espacial, mas tecnolgica.
“No uma briga financeira, algo que vai afetar a balana comercial desses pases. muito mais uma questo estratgica: quem estiver na frente vai definir o conceito, o padro da tecnologia que ser usada. E quem define o conceito, domina”, acrescenta Ribeiro, que tambm scio da consultoria de negcios BRCG.
o que j acontece, de acordo com o economista, na indstria de painis solares, em que a China conseguiu se tornar a grande desenvolvedora e fornecedora da maior parte das vrias peas necessrias para que os chapas fotovoltaicas possam ser montadas e funcionar em qualquer lugar do mundo.
PEAS DO TABULEIRO
Sede da maior empresa de semicondutores do mundo, a TSMC, Taiwan tambm a lder global no fornecimento dessas peas para o resto do mundo, enquanto os Estados Unidos se destacam como base de outros dos grandes e mais tradicionais nomes do setor, como Intel, AMD e Nvidia.
Gravitando em torno deles, esto outros pases importantes para a cadeia global de chips, como a Holanda, o Japo e a Coreia do Sul, pas de origem da Samsung e LG.
Jogadora mais jovem, a China, entretanto, vem ganhando espao rpido conforme investe no desenvolvimento de tecnologias que comearam a rivalizar de perto com os concorrentes veteranos.
“A China est acelerando muito em relao ao resto do mundo e, em vrios segmentos, como o de inteligncia artificial, j lder em registros de patentes feitos por ano”, diz Ribeiro, da FGV.
“Ela no tem o melhor produto, esta nunca foi a estratgia chinesa, mas trabalha pelo melhor custo-benefcio. A China da ‘bugiganga’ acabou, dos produtos precrios e baratos. A qualidade melhorou. O produto dela no vai ser to bom quanto um iPhone, mas vai ser um quinto do preo.”
GUERRA COMERCIAL
A ascenso da ameaa notria e a resposta e escalada do conflito vieram na forma de sanes e limitaes comerciais.
Os Estados Unidos j suspenderam as vendas de muitos de seus produtos do setor para a China, em uma estratgia que visa restringir o o dos parques de montagem chineses s tecnologias desenvolvidas e pertencentes a empresas americanas.
Pressionados, parceiros como Holanda e o Japo tambm comearam a fazer o mesmo.
Nos captulos mais recentes, a Apple anunciou, no comeo da semana, uma parceria bilionria com a Broadcom, outra fabricante de semicondutores do Vale do Silcio californiano, como uma maneira de usar mais chips domsticos em seus aparelhos e reduzir a dependncia dos chineses.
REAO CHINESA
Ainda sem tecnologia prpria a altura para cortar dos adversrios, como fez os Estados Unidos, a China tem respondido s restries usando seu poderio econmico como barganha.
Na semana ada, o pas de Xi Jinping alegou “ameaa segurana nacional” para banir o uso de peas da Micron, maior fabricante de chips de memria dos EUA, em projetos de infraestrutura nacionais.
O decreto tira um mercado gigante do segundo pas mais rico do mundo da lista de clientes da companhia americana.
Consenso de analistas, outra carta na manga da China est em Taiwan, o pequeno territrio vizinho historicamente reivindicado pelos chineses e que vem sofrendo com sinais crescentes de ameaas de invaso.
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Isso j colocaria sobre o controle da China o maior parque industrial de semicondutores do mundo — caso, tambm, no colaborasse para paralisar a produo local ou travar seus embarques para o resto do mundo, a exemplo do que aconteceu com a produo de gros e energia aps a invaso da Ucrnia pela Rssia.
Fonte:CNN