A eleio de Javier Milei na Argentina no ano ado obrigou o governo do presidente Luiz Incio Lula da Silva a repensar suas alianas para tentar impulsionar a integrao entre os pases da regio.
Se no ano ado o Palcio do Planalto no se entusiasmou muito com o convite do governo colombiano para uma visita de Estado a Bogot, a Colmbia acaba de entrar para a agenda de viagens presidenciais de 2024, em abril. O Brasil ser o pas homenageado na Feira do Livro de Bogot, e Lula aproveitar para ter um encontro com Gustavo Petro.
Em maio, o presidente brasileiro ir a Santiago, no Chile, onde ser recebido por Gabriel Boric. No ano ado, o Palcio de la Moneda fez de tudo para que Lula particie dos atos pelos 50 anos do golpe contra Salvador Allende, mas o governo brasileiro no conseguiu conciliar agendas.
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Hoje, com a Argentina nas mos da extrema direita, Colmbia e Chile ganharam um peso que no tinham na poltica externa. Os trs poderiam formar um tringulo quase perfeito, se no fosse pelas diferenas entre Lula e Boric sobre a Venezuela de Nicols Maduro.
O desejo de Lula de relanar a Unasul dever ser substitudo por um muito menos ambicioso: evitar que o chamado Consenso de Braslia, selado em maio ado numa reunio da qual participaram todos os presidentes da Amrica do Sul, incluindo Maduro, no morra antes de completar um ano de vida.
Aps vrios meses, o Consenso de Braslia est agora sob o comando do Chile. Em Santiago, funcionrios do governo se perguntam se ser possvel organizar uma cpula da qual participem os presidentes da Venezuela e da Argentina.
Consultadas sobre o assunto, fontes do governo brasileiro fazem cara de paisagem. A verdade que ningum sabe como essa nova equao regional vai se resolver.
Milei visto pelo Brasil como um obstculo para a integrao. O chefe de Estado argentino chamou recentemente Petro de “comunista assassino”, o que levou a Colmbia a retirar seu embaixador de Buenos Aires.
Mas no a nica pedra no sapato do Consenso de Braslia, e da poltica regional de Lula. Existe outra, enorme, chamada Maduro. Os recentes acontecimentos na Venezuela, com destaque para a deciso do Tribunal Supremo de Justia de inabilitar por 15 anos a lder opositora Mara Corina Machado causam preocupao na regio.
Os governos do Equador, Paraguai, Chile, Uruguai e Argentina aderiram causa da oposio venezuelana, ao contrrio de Brasil e Colmbia, que permanecem em silncio. Muitos duvidam que Maduro aceite realizar eleies presidenciais livres e democrticas, em um momento em que o governo venezuelano aprofunda a perseguio a seus opositores.
O que o Brasil far se Maduro no cumprir sua palavra, e, principalmente, o chamado acordo de Barbados, selado em novembro? Os EUA avisaram que a possibilidade de aprovar novas sanes grande, e defendem o apoio candidatura de Mara Corina, que venceu com 92% as primrias opositoras.
No Palcio do Planalto, seu nome tabu. No se fala, e quando se pergunta a resposta contundente: o Brasil no vai se alinhar aos que pedem publicamente que a lder opositora possa disputar a eleio.
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Com este pano de fundo, o tringulo entre Brasil, Colmbia e Chile surge naturalmente como uma das poucas opes de Lula para continuar articulando com seus vizinhos. A integrao regional, pilar da poltica externa dos dois primeiros governos e do atual, est em risco e ficar ainda mais no hipottico cenrio de vitria de Donald Trump nos EUA.
Fonte:O Globo