RESENHA POLTICA

ROBSON OLIVEIRA

TCE

Ao rejeitarem de forma indita o nome do auditor fiscal Jalson Viana de Almeida para a vaga no Tribunal de Contas do Estado, os deputados estaduais mandaram um recado direto ao governador de que a vaga, embora seja de indicao exclusiva do Executivo Estadual, somente ser aprovada aps entendimento com o Legislativo. A rejeio tambm revelou uma inrcia aparentemente proposital do chefe da Casa Civil, Junior Gonalves, que sabia antecipadamente da votao e no teria avisado o palcio sobre a derrota. Alis, o nome do Junior chegou a ser ventilado para o cargo, mas foi descartado em razo de no preencher os requisitos objetivos para a funo.

IMPOSIO

Um deputado (preferiu o anonimato) informou coluna que a disposio da maioria dos membros do legislativo rejeitar todos os nomes indicados pelo governador independentemente de quem seja. A aprovao est condicionada a uma conversa com os parlamentares que, por sua vez, querem impor ao executivo a indicao.

BOLHA

Nas coxias do palcio do Governo, trs nomes ganham fora para a vaga de conselheiro: uma tcnica do Planejamento, um da controladoria e um advogado. Sem a anuncia dos deputados estaduais o governador ter novas retumbantes derrotas. o que d governar dentro de uma bolha e com auxiliares intumescendo o glbulo.

CANO

Um prego eletrnico de tubos est dando o que falar nos bastidores polticos por supostamente habilitar uma empresa sem as condies tcnicas exigidas no certame. Segundo apurou a coluna, mesmo com uma manifestao de um engenheiro do rgo apontando que o tubo vencedor de qualidade inferior ao exigido na execuo do servio, alm de contrariar exigncias tcnicas contidas no termo de referncia, aquele foi o escolhido. Na boca mida da poltica h quem jure que os tubos esto servindo para aliciar apoio poltico e, sendo verdade, pode fazer com que uma figura carimbada que pavimenta uma candidatura a deputado federal entre pelo cano. Aguardemos, uma vez que h ecos de barulho a caminho.

INTERDIO

A funo primordial e finalstica de um conselho profissional a fiscalizao da profisso, inclundo a as condies onde a exerce, e, de forma reservada, o poder de polcia nestas aes. A interdio tica de um hospital est entre estas atividades finalsticas e foi exatamente o que ocorreu quando o Conselho Estadual de Medicina (Cremero) decidiu pela interdio da unidade hospitalar Cosme e Damio.

REINCIDENTE

No entanto, para tomar uma deciso to extrema e que termina refletindo na ponta, uma vez que afeta as pessoas que dele necessitam, o Conselho de Medicina de Rondnia j havia notificado a Secretaria de Estado da Sade para os problemas estruturais da unidade hospitalar e que colocavam em risco a sade dos pacientes e dos trabalhadores da sade. Por deciso judicial a interdio foi derrubada, mas o conselho fez exatamente o que deveria fazer mesmo sabendo o transtorno que causaria com o ato severo, j que o governo insiste em descumprir suas funes primordiais e reincidente particularmente em negligenciar na sade.

MILAGRE

Nem com milagre de Cosme e Damio, irmos gmeos que fizeram da medicina um ato de amor e f ao prximo, o governo concede populao uma sade digna. Por exercer as funes estritamente dentro dos preceitos legais em seu mister finalstico, sobraram injustamente ao Cremero as crticas. J a unidade hospitalar continua funcionando com instalaes indignas. S um milagre!

EGOS

A deciso do presidente Jair Bolsonaro para conceder o perdo (Graa) ao deputado federal Daniel Silveira foi propositadamente uma afronta ao STF, independentemente de qualquer debate sobre a constitucionalidade do ato. Bolsonaro nunca negou a insatisfao com o STF por no julgar de acordo com os interesses governamentais. No h dvida de que a Graa judicial um perdo inerente as funes presidenciais, como no h dvida de que na forma como concedida ao aliado do presidente foi para afrontar os dez ministros da corte constitucional que votaram pela condenao de Daniel Silveira. Os egos andam superlativos e exacerbados nos palcios e cortes brasilienses. O que a populao deveria ficar atenta nesta contenda aquilo que dito publicamente e engendrado nos pores pelos golpistas sempre revelado em privado. A democracia nunca esteve to em vertigem desde a constituinte quanto agora.

PERDO

Ficou complicado para os petistas criticarem o perdo dado pelo presidente Bolsonaro para o deputado condenado Daniel Silveira, correligionrio inclusive na estupidez, uma vez que o presidente Lula salvou atravs da concesso do refgio a extradio (extraditado por unanimidade pelo STF) um amigo condenado por crimes de sangue na Itlia, Cesare Battiste. A diferena, sejamos justos, que Lula perdoou equivocadamente por convio ideolgica e Bolsonario por pura provocao.

FUZARCA

A tradicional marcha dos prefeitos que ocorre todos os anos em Braslia este ano chamou a ateno pela presena enorme de vereadores que aproveitam o evento para promover um verdadeiro tour no Congresso, nas casas noturnas e restaurantes da capital federal. Parece uma verdadeira fuzarca as dispensas dos minguados cofres municipais. Mesmo no havendo pauta destinada ao exerccio da edilidade, o cortejo festivo contm mais vereadores do que alcaides. Vrios edis dos municpios rondonienses pegaram carona na fuzarca e esto na marcha dos prefeitos.