Policial : COCA/ILEGAL
Enviado por alexandre em 23/03/2022 01:35:06

Departamento de Pando na Bolvia com produo ilegal de coca

Residentes de comunidades identificam pelo menos quatro regies do departamento de Pando com produo ilegal de Coca 6j6q1m

Erradicao de coca: Imagem sob autoria de Kikenavalaperiodista

Na comunidade pandina de Nova Esperanza, os comunrios (nome dado a quem vive nas comunidades) erradicaram culturas clandestinas de coca e maconha e expulsaram os proprietrios. O vice-ministro da Coca-Cola anuncia inspees na regio.
-“Em Pando, vi plantaes de coca nos municpios de Bolpebra, Porto Rico, Bella Flor e em Santa Rosa del Abun. No so extensos, mas existem e no so legais. Alguns produtores levam a Cobija a vender a sua coca”, afirma Nestor Ruiz Quispe, secretrio-geral da comunidade “Natividade Amaturi” de Nova Esperanza.
Nessa rea do municpio pandino de Santa Rosa del Abun, autoridades identificaram recentemente plantaes ilegais de coca. E, segundo moradores, elas no so as nicas. Cocais clandestinos estendem-se por quatro municpios de Pando sem que as tarefas de erradicao entrem nessas regies.
Em Los Yungas, de La Paz, est a rea tradicional de cultivo da folha milenar, embora no governo tambm tenha sido legalizada a coca da “Chapare”. Assim, plantaes fora dessas regies so consideradas ilegais, de acordo com a Lei 906.
De acordo com projees das Naes Unidas, as culturas de coca na Bolvia esto perto de 30 mil hectares. De acordo com o Gabinete das Naes Unidas contra a Droga e o Crime (Unodc), os cocais j ultraaram 29.400 hectares em 2020. O governo estima destruir 10 mil hectares ilegais este ano.
Na Chapare os cocaleiros podem cultivar at 7.700 hectares e em Yungas at 14.300. Mas h plantaes em outras regies do pas que no so registradas pelo governo ou por organizaes internacionais.
Ruiz conta que h mais de cinco anos chegou comunidade de Nova Esperanza um casal vindo da Chapare que comeou a cultivar cocana em terrenos seus, apesar da oposio da comunidade.
Em outubro ado, aps um alargado de emergncia, os habitantes emitiram um voto resolutivo rejeitando os cocais de Hugo R.M. e sua esposa Marina C. C. No ms seguinte, os comunrios reuniram-se novamente para inspecionar e erradicar as culturas.

Erradicao de coca: Imagem sob autoria de Kikenavalaperiodista

-“s 10:05 de 24 de novembro comeamos a erradicao das plantaes ilegais e qual foi a nossa surpresa quando encontramos uma plantao de coca em parte limpa e outra entre mato, que tambm foi erradicada. A situao ser divulgada s autoridades policiais para sua respectiva investigao”, l-se na acta da assembleia.
Nesse dia, o trabalho comunal de erradicao no foi concludo por medo de confrontos.
-“Sendo s 12:03 samos do local sem concluir nosso trabalho porque todo um grupo (outros comunrios) estava se preparando para nos agredir, ento os policiais nos pediram dilogo”, diz a acta.
Aps a resistncia na tarefa de erradicao, a comunidade Nova Esperanza apresentou a denncia na Polcia e posteriormente Procuradoria de Cobija; mas o caso no avanou.
-“A comunidade na sua integridade procedeu limpeza e inspeo no terreno que foi recuperado dos expulsos Hugo. R. M. e sua esposa Marina C. C. , mas grande foi a nossa surpresa quando encontramos outras plantaes ilegais de coca”, l-se na denncia apresentada polcia.
-“No eram muitos hectares (de cultivo). Para denunciar, apoiamo-nos na Lei 906 que diz que as plantaes de coca s devem estar em Chapare e Yungas”, afirma o dirigente Ruiz.
A Lei Geral da Coca N: 906 nos seus artigos 15, 16 e 17 expe as reas permitidas para a produo “originria e ancestral” da folha milenar. Menciona diferentes provncias de La Paz e Cochabamba, sem incluir outros departamentos.
“A zona no aprovada aquela que se encontra fora da delimitao das zonas aprovadas de produo de coca. proibida a produo na zona no aprovada, sujeita a erradicao pelo Ministrio do Governo”, artigo 17 da norma.
Foi constatado que o denunciado Hugo R.M. tem antecedentes criminais pelo crime de transporte de substncias controladas no Tribunal de Acrdo da provncia de Carrasco, no trpico de Cochabamba. A sentena foi executada em 25 de maio de 2016, de acordo com o Registro Judicial de Registro Criminal de Pando ao qual a Pgina Sete teve o.
-“Esse senhor tem antecedentes de trfico de droga nos trpicos e por isso desconfiamos. E se ele fizer culturas maiores? Chegou em Pando com essa inteno. Sabemos que em 2010, ele entrou em outra comunidade com uma arroba de cocana que os comunrios (populares) destruram. Por isso o denunciamos”, disse Ruiz.
A coca e a Maconha:
O caso, de conhecimento do Ministrio Pblico, foi encaminhado para substncias controladas. O promotor atribudo ao caso, Ignacio Condori, e outros funcionrios realizaram uma inspeo em 7 de fevereiro.
-“Os comunrios asseguraram que procederam erradicao dos cocais. Ento, fomos realizar uma inspeo com pessoal da Digcoin (Direo Geral da Folha da Coca-Cola) e da Umopar”, disse o procurador de substncias controladas.
No local, evidenciaram vestgios de culturas de cocana e tambm de maconha que haviam sido eliminados, mas novos surtos surgiram. “Fazendo clculos, as plantaes cobriam um hectare e meio. Havia maconha e coca”, afirma Condori.
Anoticiado do tema, o vice-ministro da Coca e Desenvolvimento Integral, Juan Pablo Jove, viajou at Cobija para verificar se existiam plantaes ilegais.
“Em tarefas de controle social, os comunrios erradicaram a cocana para impedir que eles avancem para suas terras. Nesse contexto, o senhor foi expulso (Hugo R. M. ). Em La Paz vamos coordenar com Digprococa (Desenvolvimento Geral de Desenvolvimento Integral das Regies Produtoras de Coca) para fazer a visita”, afirmou Jove em 10 de maro.
Ruiz insiste que Nova Esperanza no a nica comunidade pandina onde h culturas ilegais de cocana. Identificaram plantaes tambm em Bolpebra, Porto Rico e Bella Flor.
O dirigente est convencido de que as folhas que produzem no se destinam ao acullicu “pelo seu sabor desagradvel”, ento teme que se torne matria-prima para o trfico de droga. O caso da comunidade Nova Esperanza foi o nico formalmente denunciado na Procuradoria de Substncias Controladas de Cobija. No entanto, o procurador Condori garante que tambm h queixas de cocais que se espalham na comunidade Mukden de Bolpebra.
“O monitoramento de culturas de coca regista plantaes no norte de La Paz, fora dos Yungas, e desde a Chapare estendem-se para o Tipnis (Territrio Indgena do Parque Nacional Isiboro Scure) para a provncia de Ichilo em Santa Cruz e Moxos no Beni”, alerta o analista Roberto Laserna sobre plantaes de coca em zonas no aprovadas.
Laserna continua: “A coca uma planta bastante adaptvel. Quando a cocana era legal no mundo, no final do sculo XIX e no incio do sculo XX, foi cultivada em muitos pases e entre os maiores produtores do mundo estava a Indonsia, especialmente na ilha do Bornu. Como consome poucos nutrientes, uma cultura que pode ser explorada por vrios anos mesmo em solos pobres. Em Yungas h plantas com mais de 40 anos em terraos e as plantas da Chapare produzem durante seis anos em solos mal protegidos”.
O mesmo desconhece plantaes em Pando. “No ouvi falar de plantaes em Pando, possivelmente porque existem outras atividades que podem ser mais viveis para a estrutura familiar e social que existe l. A coca requer bastante mo de obra e sendo semi-iproibida acarreta riscos de todo tipo que s podem ser enfrentados quando se faz parte de estruturas organizadas, como os sindicatos camponeses na Bolvia, ou as mfias traficantes de droga em Pe. Ru e Colmbia. Talvez isso explique algo que no acontece em Pando e Beni”, indica.
O Monitoramento de Culturas de Coca 2020 realizado pelo Escritrio das Naes Unidas contra a Droga e o Crime, publicado em 2021, percebe que seis das 22 reas protegidas da Bolvia so afetadas por plantaes ilegais de coca. As reas naturais invadidas por cocais so: Tipnis, Carrasco, Cotapata, Ambor, Apolobamba e o Madidi.
O total da superfcie de culturas identificadas nestas reservas ascendia a 545 hectares em 2020. O que representa um aumento de 44% de cocais ilegais em relao a 2019, precisa do relatrio de monitoramento.
Rerencias: Pgina Sete & Kikenavalaperiodista
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