RESENHA POLTICA ROBSON OLIVEIRA RADARES– Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha anunciado publicamente que no renovaria os contratos de funcionamento dos radares nas rodovias pblicas, a Justia Federal divulgou um acordo assinado entre o Dnit e a Unio para instalarem 1.140 radares de monitoramento de 2.278 faixas de rodovias federais no concedidas iniciativa privada. O acordo foi assinado aps sentena da 5 Vara da Justia Federal de Braslia, que reverteu a deciso de Bolsonaro em desativar os radares. A Unio tem dois meses para recolocar em funcionamento os radares e dar incio s novas instalaes. NMEROS– Os prognsticos disponveis apontam que os nmeros de acidentes nas rodovias federais diminuram em todas aquelas em que os radares foram instalados. So dados importantes que influenciaram de forma concreta a deciso judicial. Somente um ignbil no percebe que estabelecer limites de velocidade, em particular nas rodovias que cortam os municpios, importante para diminuir os acidentes e o nmero de bitos.Em qualquer pas civilizado as rodovias so policiadas e com redutores de velocidade. O papo de Bolsonaro em liberar geral a velocidade sob a justificativa de ser uma fbrica de multas no a de lorota, visto que a multa somente aplicada em quem ultraa os limites de velocidade estabelecidos pelas normas. FALASTRO– Como fala pelos cotovelos o que d na telha e sem filtros, o presidente Bolsonaro tem provocado muita confuso e, no raro, grosserias contra os desafetos. Ao atacar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, Bolsonaro no mensurou as palavras fazendo ilaes sobre o desaparecimento e morte do pai de Felipe, executado, segundo a Comisso da Verdade, pelo estado brasileiro em 1974, por se opor ao regime militar.A fala foi considerada uma crueldade por vrias instituies e dezenas de autoridades, inclusive ligadas ao Bolsonarismo. A lngua do mandatrio faz tanto estrago ao governo quanto os pssimos ndices da economia.Todos os dias temos uma nova prola do falastro. POLEMISTA– Acompanhei nas mdias sociais e na mdia nacional a reao enorme -a maioria reprovando – um discurso feito pelo antroplogo e mdico Ari Ott, reitor da Universidade Federal de Rondnia. No estivesse no cargo de magnfico certamente as palavras ditas por Ott no ambiente acadmico no ressoariam to estridentes quanto ressoaram. Conheo o magnfico desde os idos 1989, ano em que exerceu a vice-reitoria na gesto Jos Dettoni. Vem desta poca a forma argumentativa, recheada de sarcasmo e ironia que Ott utiliza para abordar os mais variados temas, em particular aqueles que provocam reaes apaixonadas dos libertrios e incendirios puritanos. Ari sempre foi um polemista por natureza. Engana-se quem achar que ataques os mais acerbos vo mudar o modo dele pensar e expressar, mesmo que provoquem sua paz de Ermito Urbano algum desassossego. INFELICIDADE– Assisti ao vdeo em que Ari Ott – gravado num ambiente acadmico - faz um discurso cheio de sarcasmo e ironia com uma dose provocativa a temas complexos para a realidade atual, a exemplo de religio, droga e nudismo. Embora este cabea chata tenha dado boas risadas com o que viu, Ott foi infeliz na ironia e exagerado no sarcasmo.Ainda assim, tais exageros e infelicidades quando assistidas fora do contexto. Diria que, embora compreendendo a fala e no vendo nela nada de anormal, exceto ditas soltas, ou digamos, editadas, descontextualizadas, o Ari Ott que conheci no sculo ado idntico ao atual. Nada mudou! Ele se mantm fiel mesma forma antropolgica de se expressar o que provoca nos milicianos virtuais atuais a igual ira dos puritanos de outrora. Para alvio dele, consegue ovao dos velhos hippies e dos novos gneros. a vida moderna ps internet que deixa os nimos exaltados. IRONIA– Um artigo publicado pela professora Ida Lcia, analisando tais fenmenos, explica melhor a forma pela qual Ott utiliza para expressar intelectualmente suas posies. Na argumentao, a professora diz que a ironia, como um paradoxal meio de comunicao, traz em si mensagens claras para uns, obscuras para outros; inteligentes para uns, agressivas para outros. Anlise que este escriba subscreve. AXIOMA- De modo geral, o humor presente nas trocas linguageiras bem visto e considerado simptico. A ironia tende a ser mal vista e o sujeito que ironiza mais temido que querido por seus interlocutores que, por vezes, no hesitam em lhe colar a etiqueta de pessoa irnica com uma carga axiolgica no-positiva. O magnfico se encaixa bem nesse axioma. PANTOMIMA- Talvez essa seja uma viso estereotipada tanto do humor quanto da ironia, mas no deixa de ser algo que temos escutado bastante ao longo das pesquisas sobre o assunto. A ironia como o diabo que salta de uma caixa, ela pode surgir sem que esperemos em um enunciado provocador ou brincalho (ainda que com ar inocente), em uma palavra, em um gesto ou em um olhar. No raro provoca perplexidade, mas em geral, para a plateia presente, contextualizada, no a de uma tirada cheia de humor. verdade que chocou alguns pelo traje estalar que cobre os ombros da magnificncia, mas Ott nunca perderia a chance de uma boa pantomima, particularmente quando as academias, como na idade mdia, so apedrejadas. TESTEMUNHA– Meditei muito antes de meter meu bedelho nesta cruzada contra os cruzados, o problema que desde o sculo ado nutro uma irao pessoal que beira a irmandade com Ott. na adversidade que os amigos aparecem, embora eu e Ari no nos vejamos com a mesma frequncia que gostaramos. Sou testemunha da colaborao intelectual dada a Rondnia por vossa magnificncia Ari OTT, mesmo sabendo que no foi a primeira nem a ltima vez que seu discurso ressoa e provoca polmicas. Quem o conhece pessoalmente, seja os que o odeiam, seja os que o amam, reconhecem nele um professor com atributos intelectuais bem diferenciados, o que contrasta com a mediocridade imperante em alguns meios acadmicos. Ele no precisa da defesa feita nestas mal traadas linhas, no entanto, a intolerncia alcana nveis to absurdos que ficar calado num episdio desse uma covardia. Covarde este PB nunca vai ser. Ari de longe o mais brilhante e erudito professor que conheo e at os desafetos reconhecem. |