Brasil : Conservar para lucrar: o capitalismo na pauta ambiental
Enviado por alexandre em 12/04/2025 23:23:24

Debate em podcast aborda formas obtidas por grandes empresas, governos e atores corporativos para continuar lucrando sob a lgica da conservao do meio ambiente

“Temos uma estrutura de poder ligado a esse processo de financeirizao da natureza muito ampla e muito forte, so diversos atores que esto envolvidos.” Foi o que disse Fabrina Furtado, professora do Programa de Ps-graduao de Cincias Sociais em desenvolvimento, agricultura e sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) em conversa com o gegrafo Bruno Arajo para o podcast Planeta A. O episdio aborda as atuais relaes entre a preservao ambiental e o capitalismo.

Em mais de 30 minutos de discusses, Bruno e Fabrina debateram sobre as diversas formas pelas quais o capitalismo, empresas e corporaes em geral vm tentando se apropriar da pauta ambiental e lucrar em cima dela. “Se a gente olhar para o nome que foi dado ao mercado de carbono, a gente j comea a perceber o seu objetivo: ele foi determinado como um mecanismo de flexibilizao, ou seja, um primeiro grande acordo onde se estabelece metas de reduo de emisses e a principal resposta foi criar esses mecanismos de flexibilizao. (…) Grande parte desses mecanismos foram criados para a gente no discutir isso, no discutir petrleo ou, no caso brasileiro, a gente no discutir o desmatamento que est conectado com o agronegcio, com o modelo e paradigma de desenvolvimento que a gente tem baseado na extrao dos chamados recursos naturais. Nada muda”, explicou ela.

Fabrina Furtado professora do Departamento de Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (DDAS/UFRRJ) e do Programa de Ps-Graduao de Cincias Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (DA) da mesma universidade.Tem experincia na rea de Ecologia Poltica, Sociologia Ambiental e Planejamento Urbano e Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: conflitos ambientais, mudana climtica, instituies financeiras multilaterais, indstria extrativa e movimentos sociais.

Escute o episdio completo do podcast Planeta A no link.

Confira a entrevista abaixo:

Bruno Arajo: Hoje estamos percebendo os eventos extremos cada vez mais frequentes no nosso dia a dia e a percepo de que a gente est em um mundo em que as mudanas climticas so uma realidade e algo importante de se debater tambm j vem sendo percebida em mbito internacional. Como a pauta ambiental comea a ganhar relevncia nos espaos de poder? 3n2n72

Fabrina Furtado: A gente que vem acompanhando essa questo chamada “questo ambiental”, a gente analisa a partir de uma percepo de que os problemas ambientais sempre existiram, mas que existe uma conjuntura poltica que faz com que determinadas questes se tornem mais relevantes do que outras. Ento sim, a gente sabe que o clima est mudando, a gente v objetivamente os efeitos na vida principalmente de comunidades indgenas, comunidades tradicionais no mundo inteiro, mas a gente entende tambm que existem atores polticos que se articulam na construo desses problemas para dizer como que esse problema vai ser visto e quais so as solues que devem ser consideradas nesse processo.

Ento a gente tem um processo histrico de construo da questo ambiental, desde as primeiras conferncias da ONU at os dias de hoje, onde as conferncias de clima se tornaram os temas de maior ateno. Ento esses processos dependem tambm dessas articulaes.

Primeiro, de presses de organizaes e de movimentos sociais denunciando as implicaes, principalmente a desigualdade ambiental que a gente v, na qual nem todo mundo afetado da mesma forma, onde existe uma desigualdade. Da surgem esses debates sobre racismo ambiental, sobre mulheres afetadas pela mudana climtica at isso: os agentes dominantes que buscam determinar o problema da sua prpria forma. A gente vem acompanhando essa construo nesse sentido: tem uma questo objetiva desigualdade ambiental, as implicaes nos territrios, mas tem tambm atores dominantes, uma diversidade de atores, desde instituies financeiras multilaterais como o banco mundial e os governos, como tambm as corporaes que acabam influenciando e construindo o problema da sua prpria forma para depois determinar, se a gente v o problema dessa forma, a soluo vai ser essa. Ento a gente analisa no s objetivamente, mas tambm essa construo poltica em torno da problemtica ambiental.

Em uma pesquisa rpida no google eu encontrei que os Estados Unidos gastaram 700 bilhes de dlares, o que na poca equivaleria a 1,75 trilhes de reais, para salvar as instituies financeiras, ou seja, os bancos e as seguradoras imobilirias, durante a recesso de 2008. Em contrapartida, na ltima conferncia da ONU, os Estados Unidos anunciaram a doao de 17,5 milhes de dlares, o que no ano ado era em torno de 86 milhes de reais, para o fundo de perdas e danos. Esse valor pode ser considerado um troco dinheiro de bala para os Estados Unidos em comparao a esse valor estratosfrico doado aos bancos. H muita resistncia por parte dos pases ricos em contribuir com recursos para os bancos para a gente sair do caminho da barbrie climtica. Por qual razo h mais empenho em salvar os bancos do que em contribuir para a resoluo da crise climtica"> 2j21p

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