Cento e sessenta e cinco dias aps a maior operao contra o garimpo ilegal no Rio Madeira, localizado no Estado do Amazonas, novos registros mostram a retomada das atividades ilegais. Nesta segunda-feira, 3, a Organizao No governamental (ONG) Greenpeace alertou sobre o retorno do garimpo em janeiro deste ano e revelou que cerca de 130 balsas esto posicionadas ao longo de um dos maiores afluentes do Rio Amazonas.
As atividades ilegais so confirmadas por meio alertas emitidos a partir de diferentes pontos do Rio Madeira, entre os municpios de Novo Aripuan e Humait, localizados a 227 e 590 quilmetros de Manaus, respectivamente. O monitoramento foi realizado entre 10 e 22 de janeiro deste ano.
“A organizao alerta que o garimpo permanece ativo e descontrolado no Rio Madeira”, denunciou a Greenpeace.De acordo com a ONG, sete alertas indicaram que h balsas em fase de operao na regio. Outros cinco se referiam s balsas em deslocamento rumo reas de atividade ilegal. As imagens foram captadas por um sistema de monitoramento remoto desenvolvido pelo prprio Greenpeace Brasil, que usou imagens do radar SAR, via satlite, Sentinel 1. A tecnologia eficaz para reas com alta cobertura de nuvens, caracterstica da Amaznia.
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A Greenpeace tambm afirmou que o Rio Madeira enfrenta uma epidemia de explorao ilegal de ouro. As atividades ilegais so impulsionadas por garimpos que usam as balsas para dragar os sedimentos do fundo do rio. A medida destri o leito, contamina as guas e afeta comunidades ribeirinhas que moram na regio e dependem do rio para o sustento.
“A destruio causada pelo garimpo sustentada por uma cadeia criminosa que opera com total impunidade. urgente que o governo brasileiro adote polticas integradas que unam tecnologia, fiscalizao eficiente e alternativas econmicas sustentveis para proteger nossos rios e populaes”,

afirma Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da Frente de Povos Indgenas do Greenpeace Brasil.Em agosto do ano ado, vrios rgos federais deflagraram uma operao contra o garimpo ilegal na calha do Rio Madeira, no Amazonas. As aes foram coordenadas pela Polcia Federal (PF) e contou com o apoio da Fundao Nacional dos Povos Indgenas (Funai) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama). Ao todo, a operao destruiu cerca de 460 balsas usadas o garimpo ilegal.
Na poca, o Ministrio dos Povos Indgenas afirmou que a ao conjunta identificou que os garimpeiros estavam obrigando os indgenas a realizarem trabalhos anlogos escravido em uma das terras indgenas da regio. “Em outras, os agentes federais verificaram que os criminosos pagavam quantias irrisrias para que as comunidades permitissem o garimpo”, disse a pasta, por meio de nota.

Fotos: Reproduo
Aps a operao, a PF buscaria chegar aos financiadores do garimpo, com o avano das investigaes sobre os crimes ambientais cometidos na regio, mas, at o momento, no houve outras fases de operaes policiais mirando o brao financeiro dos delitos. “A atuao do garimpo polui as guas do rio e provoca danos ambientais, resultando em um impacto direto na sade e na segurana alimentar das comunidades indgenas da regio”, disse o MPI em nota.
A CENARIUM solicitou nota da Superintendncia da Polcia Federal no Amazonas para pedir esclarecimentos sobre o planejamento de novas operaes para coibir crimes ambientais na regio do Rio Madeira. A reportagem tambm procurou o Ibama para obter informaes sobre aes que seriam desenvolvidas aps a retomada do garimpo ilegal. At o momento no houve retorno.
Fonte: Revista Cenarium