O prefeito de Maracaibo, a segunda maior cidade da Venezuela, e outras cinco pessoas de sua equipe foram detidas na noite de tera-feira por agentes de Inteligncia sem mandado judicial, informaram fontes da oposio. A priso de Rafael Ramrez Colina, de 49 anos, militante do partido Primeiro Justia (PJ), ocorreu num momento em que o nmero de presos polticos desde a onda repressiva ps-eleitoral no pas supera 1,7 mil — e gerou condenaes de lderes opositores de todos os setores.
— Detiveram o prefeito Rafael Ramrez e no informaram os motivos — disse o ex-vereador de Maracaibo, ngel Monagas. — Com sua deteno, abre-se um captulo perigoso para outros prefeitos. H outros prefeitos que esto na mira — acrescentou.
Quase 24 horas depois de sua deteno, o Ministrio Pblico da Venezuela informou que havia iniciado uma investigao por crimes de corrupo contra os funcionrios da Prefeitura de Maracaibo, e que Ramrez Colina e seus colaboradores seriam apresentados ao tribunal. O PJ, partido do prefeito opositor, afirmou na quarta-feira que a priso era “injustificada”, enquanto o MP disse ter recolhido “elementos e provas suficientes que incriminam os referidos investigados”.
Veja tambm

Israel anuncia morte de chefe do governo do Hamas em Gaza
Kate Middleton surge com o cabelo diferente em novas fotos; confira
Na semana ada, o chefe de gabinete de Colina, Pedro Guanipa, irmo do dirigente da Plataforma Unitria Juan Pablo Guanipa, foi detido quando se preparava para carimbar seu aporte para viajar Colmbia por compromissos familiares. O chefe do Parlamento, Jorge Rodrguez, o acusou de corrupo na mesma tera-feira. Na quarta, a imprensa local informou que agentes do Servio Bolivariano de Inteligncia (Sebin) permaneciam na sede da prefeitura de Maracaibo.
“Desconhecemos detalhes sobre sua condio, assim como as razes que motivaram esse procedimento, violador dos nossos princpios consagrados na Constituio da Repblica Bolivariana da Venezuela”, afirmou o Primeiro Justia em comunicado.
A lder da oposio, Mara Corina Machado, tambm condenou a priso em mensagem nas redes sociais. “Denunciamos ao mundo como a onda repressiva do regime se intensifica. Agora contra Rafael Ramrez Colina, prefeito em exerccio de Maracaibo, e outros membros de sua equipe de trabalho. Com essa onda de terror, o regime busca quebrar a vontade e dividir o movimento social que se expressou em 28 de julho e que derrotou a tirania.”
“Quem tem insistido em buscar solues dentro do caminho democrtico considera que a priso do prefeito de Maracaibo em nada ajuda a alcanar a paz que o pas necessita”, escreveu Manuel Rosales, governador do estado de Zulia, cuja capital Maracaibo. “Ramrez tem sido um lutador social de conhecida trajetria que atualmente trabalha com sua equipe na recuperao da cidade e, alm disso, tem sido um defensor do dilogo, contribuindo para a busca da paz”, acrescentou.
Desde janeiro deste ano, pelo menos 20 prefeitos opositores foram presos, perseguidos ou destitudos como parte da represso do chavismo dissidncia e queles que apoiaram a candidatura de Edmundo Gonzlez Urrutia para as presidenciais de 28 de julho. Desses, cinco continuam presos e 10 foram inabilitados. No caso de lderes da oposio, 200 foram detidos neste ano, incluindo membros de campanha de Mara Corina e Gonzlez Urrutia. Com essas novas prises, a crise poltica gerada pelas eleies presidenciais na Venezuela agravada.
Em julho, o presidente da Venezuela, Nicols Maduro, teve sua reeleio proclamada — algo que foi amplamente questionado pela oposio e pela comunidade internacional. Enquanto os rgos eleitorais do pas, controlados pelo chavismo, se recusaram a apresentar as atas de votao que comprovariam a suposta vitria de Maduro, a oposio apresentou o que diz ser grande parte desses documentos, que indicam a vitria do opositor Gonzlez Urrutia com mais de 30 pontos percentuais.
Na quarta-feira, o Centro Carter, um dos poucos observadores internacionais autorizados pelo governo a acompanhar o pleito, apresentou ante a Organizao dos Estados Americanos (OEA), em Washington, as “atas originais” das eleies na Venezuela que “demonstram” a vitria do opositor sobre Maduro. Durante a sesso do conselho permanente, o secretrio-geral da OEA, Luis Almagro, denunciou um processo eleitoral que “no foi nem justo, nem livre”.
Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS noFacebook,Twittere noInstagram
Entre no nosso Grupo deWhatApp,CanaleTelegram
Zulia tem o maior nmero de eleitores do pas e um tradicional reduto da oposio. O prprio presidente Nicols Maduro atacou Rosales, o governador de Zulia, por seu apoio a Gonzlez Urrutia. Ainda assim, Rodrguez, principal operador poltico do governo, fez esta semana um apelo ao “dilogo poltico” aos setores que participaram dos ltimos pleitos, numa primeira sesso convocada para esta quinta-feira.
Fonte: O Globo